O SOM ARQUIVADO DA ALEGRIA: DADOS HISTÓRICOS DE UMA CULTURA LÚDICA NAS ESCOLAS MARANHENSES (1890 – 1930)
Résumé
O artigo investiga os indícios de cultura lúdica nas escolas de instrução primária e jardins de infância, a partir da análise de obras literárias de educadores maranhenses, artigos de jornais e legislações estaduais. A pesquisa desse corpus documental, levanta dados de uma infância que brincava no interior das escolas de primeiras letras e nos primeiros jardins de infância, que entre o fim do império e o início do regime republicano, acenavam para um novo ideário educacional que proclamava a criança como sujeito ativo. Os estudos de autores do campo da história da infância, como Freitas (1997), Monarcha (2001) e Kuhlmann Jr. (2010) apontam para a existência de espaços lúdicos organizados no interior das instituições escolares, que sinalizavam para as tendências de uma educação para as crianças aliada a um novo sentimento: o movimento do corpo infantil. No Maranhão, as evidências de discursos e práticas que comungavam com a concepção de uma infância que podia brincar estavam silenciadas nas entrelinhas de textos literários, como os escritos das professoras Rosa Castro (1891 – 1976) e Laura Rosa (1894 – 1976), as primeiras mulheres que anunciavam o lúdico como a própria vida das crianças, e os Jornais Pacotilha e A Escola, que em artigos periódicos, circulavam as ideias sobre a educação. Com os resultados dessa análise pretende-se contribuir com uma história da infância no Maranhão, enfatizando as práticas lúdicas mobilizadas nas escolas primárias e dos jardins de infância, como primeiras instituições de educação das crianças. Um convite a formação de um novo campo de estudos e pesquisas das crianças maranhenses, que tiveram seus sons, tons, brados e sussurros arquivados.
Références
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