O POSSÍVEL E O IMPOSSÍVEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA CULTURAL EM TEMPOS DE PANDEMIA

Palavras-chave: Educação Física. Pandemia. Currículo. Cultura.

Resumo

A pandemia de Covid-19 assolou a população brasileira no primeiro trimestre de 2020, levando ao fechamento das escolas como medida para reduzir os riscos de contaminação. A abstenção do poder público e a lentidão para reagir à calamidade levaram docentes a buscar alternativas para garantir aos estudantes algum tipo de experiência formativa. Com os professores que afirmam colocar em ação a perspectiva cultural da Educação Física não foi diferente. Empenharam-se para recriá-la diante da situação inusitada. Com o objetivo de investigar a adequação dessa vertente ao chamado ensino remoto emergencial, 60 registros em vídeo das atividades realizadas de março a agosto daquele ano com a teoria curricular culturalmente orientada. Os resultados apontam possibilidades e impossibilidades. Entre as primeiras se encontram os encaminhamentos pedagógicos do mapeamento, vivência, leitura e ressignificação da prática corporal, aprofundamento, ampliação e registro. No campo das impossibilidades se destacam a avaliação, conforme o papel que lhe é atribuído na proposta, e a própria tessitura das atividades reconhecida na literatura como escrita-currículo.

Biografia do Autor

Marcos Garcia Neira, Universidade de São Paulo (USP)

 Pós-doutorado em Educação Física e Currículo e Livre-Docência em Metodologia do Ensino de Educação Física. Doutor e Mestre em Educação. Licenciado em Educação Física e Pedagogia. Professor Titular da Faculdade de Educação da USP, onde atua na Graduação e Pós-Graduação e Coordena o Grupo de Pesquisas em Educação Física escolar (www.gpef.fe.usp.br). Investiga a prática pedagógica da Educação Física com apoio da FAPESP e do CNPq, do qual é Bolsista de Produtividade em Pesquisa. 

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Publicado
2022-03-03