A LUTA PELA LIBERDADE NA FORMAÇÃO DO BRASIL: TRABALHO ESCRAVO E TRABALHO LIVRE EM QUESTÃO
Résumé
O artigo visa analisar o processo de formação do Brasil, com ênfase nas lutas travadas pelas pessoas escravizadas, no contexto de relação híbrida entre trabalho escravo e trabalho livre, sendo esse último uma condição não universal. O objetivo da análise é demonstrar como os interpretes do Brasil apresentam interpretações conflitantes sobre o significado da luta da população negra na busca pela liberdade, interpretações que colocam em xeque o reconhecimento da tomada de consciência das pessoas escravizadas na sua relação com os seus semelhantes e com os senhores proprietários. A não universalidade dos sujeitos livres implicou na análise que apresentamos no decorrer do texto, nomeando essa condição como “liberdade branca”, em razão da hierarquia das relações raciais que desumanizavam os povos negros e indígenas. Com isso, o artigo busca evidenciar como a questão da liberdade, seja o debate sobre as liberdades democráticas formais (liberdades adjetivadas) ou a liberdade como expressão da emancipação humana, só pode ser analisada em nossa realidade tomando como elemento estruturante as determinações que marcam nosso processo de formação social, econômica, política e cultural.
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