DESCOLONIZAR O ENSINO DE HISTÓRIA SOB UM OLHAR INTERSECCIONAL: A MULHER NEGRA ENTRE “SOFRIDA” E “GUERREIRA” NA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA (PA)

Résumé

O Ensino de História se encontra diretamente afetado por demandas de inclusão de “novos” saberes e identidades secularmente apagadas pela epistemologia ocidental. De tal forma, supomos que a descolonização do Ensino de História tem se mostrado um desafio fundamental que pode impactar positivamente os conflitos étnico-raciais e políticos contemporâneos. Neste artigo, objetivamos desnaturalizar os saberes sobre a mulher negra e sobre o racismo e o sexismo como elementos estruturais ao desenvolver e empreender uma metodologia de formação voltada para o Ensino de História das Relações Étnico-raciais e de Gênero. Para tanto, a metodologia da pesquisa-ação foi o parâmetro utilizado na realização de oficinas com estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública da cidade de Conceição do Araguaia, no Pará. As reflexões foram balizadas no conceito de interseccionalidade e em reflexões sobre a condição histórica da mulher negra sob a perspectiva teórica do feminismo negro e decolonial. Por fim, consideramos que a execução da pesquisa permitiu delinear caminhos para que uma história da mulher negra seja possível sem que reiteremos folclorizações e estigmas, além de nortear a descolonização de saberes e práticas de ensino. 

Bibliographies de l'auteur

Andreia Costa Souza, Prefeitura Municipal de Conceição do Araguaia

Mestra em Ensino de História pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), professora efetiva na Secretaria de Educação e Cultura (SEMEC) de Conceição do Araguaia (PA). 

Vera Lúcia Caixeta, Universidade Federal do Tocantins (UFT)

Doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professora adjunta na Universidade Federal do Tocantins (UFT).

Références

AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? Belo Horizonte: Letramento; Justificando, 2018.

CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. Coleção Consciência em debate. São Paulo: Selo Negro, 2011.

COLLINS, Patricia Hill. Epistemologia feminista negra. In: Bernadino-Costa, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón. (Orgs.) Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2018, p.139-170.

COSTARD, Larissa. Gênero, currículo e pedagogia decolonial: anotações para pensarmos as mulheres no ensino de História. Fronteiras & Debates. v. 4, p. 159-175, Macapá, 2017. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2019.

CRENSHAW, Kimberlé. A Interseccionalidade na Discriminação de Raça e Gênero. In: Painel 1 – Cruzamento Raça e Classe, 2012. Disponível em: Acesso em: 05 abr. 2019.

____________. Documento para o Encontro de Especialistas em Aspectos da Discriminação Racial Relativos ao Gênero. Estudos Feministas, Ano 10, 1º Semestre, 2002, p.171-189.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução: Heci Regina Candiani. 1ª ed. São Paulo: Boitempo, 2016.

GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. 1ª ed. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018.

HOOKS, bell. Intelectuais Negras. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 464, jan. 1995. ISSN 1806-9584. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2018.


LUGONES, María. Colonialidad y Género. Tabula Rasa – Colômbia, Nº9, 75-101, jul./dez., 2008. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2019.

__________. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, set. 2014. ISSN 1806-9584. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2018.

RATTS, Alex; RIOS, Flávia. Lélia Gonzalez. 1ª. Ed. São Paulo: Selo Negro, 2010.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.

_______________. A perspectiva do feminismo negro sobre violências históricas e simbólicas. Brasil - Categoria: Mulher e LGBT. Publicado em: 05 ago. 2015. Disponível em: . Acesso em: 10 maio 2019.

_______________. Quem tem medo do feminismo negro? 1ª ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez, 1985.
Publiée
2022-05-17