PATRIMÔNIO EDUCATIVO IMATERIAL: RELATOS DE MESTRES PIFANEIROS SOBRE APRENDIZAGENS INICIADAS NAS INFÂNCIAS
Résumé
O objetivo deste artigo é compreender as práticas educativas de mestres pifaneiros e suas relações e contribuições para o desenvolvimento de um patrimônio educativo imaterial. A partir de mapeamento bibliográfico e revisão de literatura, buscou-se aqui analisar estudos brasileiros já desenvolvidos que envolvem o movimento pifaneiro. A amostra final contou com quatro pesquisas, todas abordando uma aprendizagem musical de mestres pifaneiros iniciada ainda na infância. Os dados apontaram que os mestres pifaneiros foram inspirados pelos seus contextos sociais e, por meio de seus ofícios, auxiliaram na manutenção de suas tradições e contribuíram na formação musical das novas gerações. Observou-se também que, embora a arte do pífano vá ao encontro das definições de patrimônio imaterial do IPHAN, não se encontrou no site deste instituto menção ao registro de bandas de pífano como bens culturais. Isso pode indicar que estes grupos ainda carecem de mais incentivo e reconhecimentos por parte do governo.
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