MANDATO DE MASCULINIDADE E VULNERABILIDADES DE GÊNERO PO-TENCIALIZADAS PELA PANDEMIA DE COVID-19
Résumé
Este artigo é resultado de uma aproximação analítica entre os dados levantados pela pesquisa “Respostas do Sistema de Justiça Criminal da Comarca de Várzea Grande (MT) à violência doméstica e familiar contra mulheres” e reflexões sobre situações enfrentadas pelas mulheres em tempos de distanciamento social, recomendado pela Organização Mundial de Saúde, em razão da pandemia de Covid-19. Realizou-se a análise através das categorias patriarcado, decolonialidade, dispositivos do poder e mandato de masculinidade, possibilitando, assim, perceber as vulnerabilidades de gênero dentro de seis pacotes de poder: bélico, sexual, econômico, intelectual, moral e político. Estes pacotes disparam normas que objetivam controlar, violar e explorar o corpo feminino de formas distintas, dadas sua localização, classe, raça/etnia, idade, educação, sexualidade, entre outras interseccionalidades, denunciando, no contexto atual, um elevado aumento de violência contra as mulheres.
Références
BONIOL, Mathieu et al. Gender equity in the health workforce: analysis of 104 countries. Working paper 1. Geneva: World Health Organization; 2019 (WHO/HIS/HWF/Gender/WP1/2019.1).Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/311314/WHO-HIS-HWF-Gender-WP1-2019.1-eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 25 maio 2020.
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CANUTO, Érica. A masculinidade no banco dos réus: um estudo sobre gênero, Sistema de Justiça penal e a aplicação da Lei Maria da Penha. Natal: Ed. do Autor, 2018.
CONNELL, Raewyn. Gender and Power: Society, the Person and Sexual Politics. Tradução livre. Cambridge: Polity Press, 1987.
CONNELL, Raewyn. Gênero em termos reais. Tradução de Marília Moschkovich. São Paulo: nVersos, 2016.
DELEUZE, Gilles. ¿Que és un dispositivo? In: Michel Foucault, filósofo. Tradução de Wanderson Flor do Nascimento. Barcelona: Gedisa, 1990. p. 155-161.
DELEUZE, Gilles. Foucault. Tradução de Claudia Sat’Anna Martins. Revisão da tradução por Renato Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2005.
EAGLETON, Terry. Ideologia: uma introdução. Tradução de Silvana Vieira e Luís Carlos Borges. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista; Editora Boitempo, 1997.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
ELIAS, Norbert. La civilización de los padres y otros ensayos. El cambiante equilibrio de poder entre los sexos. En: Weiler, Vera (Comp. & Trad.). Bogotá: Grupo Editorial Norma, 1998.
FAUSTO-STERLING, Anne. Dualismos em duelo. Cadernos Pagu, 17/18, 2001/02, p. 9-79.
FAUSTO-STERLING, Anne. Os cinco sexos: porque macho e fêmea não são o bastante. The Sciences, march/april, 1993, Tradução de Alice Gabriel. 2009. Disponível em: https://www.academia.edu/38458731/_tradução_Os_Cinco_Sexos_-_Anne_Fausto-Sterling?auto=download. Original disponível em: https://museo-etnografico.com/pdf/puntodefuga/150121sterling2.pdf. Acesso em: 30 ago. 2019.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Organização, introdução e revisão técnica de Roberto Machado. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
INOJOSA, Rose M. Redes de Compromisso Social. Revista de Administração Pública — RAP, Rio de Janeiro, v. 33, n. 5, p. 115-141, set./out. 1999. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewFile/7628/6155. Acesso em: 23 jan. 2018.
LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 22, n. 3, set./dez. 2014.
MACIEL, Lucas da Costa. Gay Indians in Brazil: Untold Stories of the Colonization of Indigenous Sexualities. Cham: Springer International Publishing. Revista de Antropologia da UFSCar, Santa Catarina, v. 1, p. 424-431, jan./jun. 2018. Disponível em: http://www.rau.ufscar.br/wp-content/uploads/2018/08/v10n1-22-Maciel.pdf. Acesso em: 23 set. 2019.
MINUCHIN, Salvador. Famílias: Funcionamento & Tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
PLAN INTERNATIONAL BRASIL. Por ser menina no Brasil: crescendo entre direitos e violências. São Paulo: 2014. Disponível em: http://primeirainfancia.org.br/wp-content/uploads/2015/03/1-por_ser_menina_resumoexecutivo2014.pdf. Acesso em: 25 maio 2020.
PNAD — PESQUISA NACIONAL DE AMOSTRAS DE DOMICÍLIO. Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça – 1995 a 2015. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/170306_retrato_das_desigualdades_de_genero_raca.pdf. Acesso em: 25 maio 2020.
PNUD — PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Índices e Indicadores do Desarrollo Humano: Atualização Estatística de 2018. Disponível em: http://hdr.undp.org/sites/default/files/2018_human_development_statistical_update_es.pdf. Acesso em: 22 set. 2019.
SAFIOTTI, Heleieth I. B. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987.
SEGATO, Rita Laura. Las estrutucturas elementares de la violencia. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes, 2003. Disponível em: http://mercosursocialsolidario.org/valijapedagogica/archivos/hc/1-aportes-teoricos/2.marcos-teoricos/3.libros/RitaSegato.LasEstructurasElementalesDeLaViolencia.pdf. Acesso em: 20 maio 2019.
SEGATO, Rita Laura. Contra-pedagogías de la crueldad. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Prometeo Libros, 2018.
SEN, Amartya. A ideia de justiça. Tradução de Denise Bottmann e Ricardo Doninelli Mendes. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).