EDUCAÇÃO INFANTIL E DESIGUALDADES RACIAIS: TESSITURAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO DAS/NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS DESDE A CRECHE
Résumé
O artigo buscou dar visibilidade a um campo em educação em pleno crescimento, qual seja, a discussão sobre como as práticas na educação infantil têm abordado as desigualdades raciais. Para tanto realiza um diálogo com a produção acadêmica e interroga as pedagogias colonizadoras capturadas nas pesquisas e defende a descolonização das mesmas reivindicando o direito das crianças negras e brancas a uma educação antirracista que ocorra desde a primeira etapa da educação básica considerando as suas especificidades. Partimos do pressuposto que esta construção teórica e metodológica tem como base os princípios gerais de combate ao racismo constituídos pelo Movimento Negro Brasileiro, mas ancora-se nas singularidades do trabalho com crianças pequenas e pequeninhas e nesse sentido apresentamos as bases de concepções de infância africanas como possibilidades de constituir novas práticas que respeitem as crianças em sua integralidade.
Références
ASANTE, Molefi. Afrocentricidade: notas sobre uma posição disciplinas. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.) Afrocentricidade: uma abordafem epistemolofica inovadora. Sõa Paulo: Selo Negro, 2009, p. 93-110.
BÂ, Amadou Hampâté. Amkollel, o menino fula. Tradução XinaSmith de Vasconcellos. São Paulo. Cassa das Áfricas e Pallas Athena, 2003
BARBOSA, Maria. C. S. Culturas escolares, culturas de infância e culturas familiares: as socializações e a escolarização no entretecer destas culturas. Revista Educação e Sociedade. Campinas, 2007, v. 28, p. 1059-1083.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 3/2004. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, 2004a.
_______. Resolução CNE/CP 1/2004 Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, 2004b.
_______. Ministério da Educação. Orientações e ações para a educação das relações étnico-raciais. Brasília: SECAD, 2006.
_______. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB 5/2009. Fixa as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil.
______. Ministerio da Educação/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas. Relatório Análitico final. Projeto de estudo sobre ações discriminatórias no âmbito escolar, organizadas de acordo com áreas temáticas, a saber, étnico-racial, gênero, geracional, territorial, necessidades especiais, socioeconômica e orientação sexual, 2009.
CAVALLEIRO, Eliane. S. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. São Paulo: Contexto, 2003.
CUNHA JUNIOR, Henrique et al. A criança (negra) e a educação. Cadernos de Pesquisa – Fundação Carlos Chagas, São Paulo, v. 1, n. 31, p. 69-72, dez.1979.
DIAS, Lucimar. R. Formação de professores, educação infantil e diversidade étnico-racial: saberes e fazeres nesse processo. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, 2012, v. 17, no. 51, pp. 661-674.
_____. No fio do horizonte: educadoras da primeira infância e o combate ao racismo. 2012. 321 p. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
DIAS, Lucimar Rosa; BENTO, Maria Aparecida da Silva. Educação infantil e relações raciais: conquistas e desafios. Disponível em: < http://www.diversidadeducainfantil.org.br/PDF/EDUCA%C3%87%C3%83O%20INFANTIL%20E%20RELA%C3%87%C3%95ES%20RACIAIS%20-%20Maria%20Aparecida%20Bento%20e%20Lucimar%20Dias.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2015.
FARIA, Ana. Lúcia. Goulart. de. Para uma pedagogia da infância. Pátio: educação infantil. Porto Alegre: Artmed, out/2007, v. 5, no. 14, pp. 6-9.
FAZZI, Rita de Cássia. O drama racial das crianças negras brasileiras. São Paulo: Autêntica, 2006.
FERNANDES, Florestan. As trocinhas do Bom Retiro. Folclore e mudança social na cidade de São Paulo. São Paulo: Martins Fontes, 2004, pp. 203-315.
GONÇALVES, Luiz Alberto; SILVA, Petronilha Beatriz G. Movimento Negro e Educação. Revista Brasileira de Educação. N. 15. 2000.
GOMES, Nilma Limo. A contribuição dos negros para o pensamento educacional brasileiro. SILVA, Petronilha B. G; SILVA, Lucia M. A. O pensamento negro em educação no Brasil: expressão do movimento negro. São Carlos: Ed. Da UFSCar, 1997, p. 17-30.
GOMES, Nilma Lino. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem Fronteiras, v.12, n.1, pp. 98-109, Jan/Abr 2012 ISSN 1645-1384 (online) www.curriculosemfronteiras.org 98JESUS, Ilma Fátima de. O pensamento do MNU – MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO. SILVA, Petronilha B. G; SILVA, Lucia M. A. O pensamento negro em educação no Brasil: expressão do movimento negro. São Carlos: Ed. Da UFSCar, 1997, p.41-59.
HENRIQUES, Ricardo. Raça e Gênero no sistema de ensino: os limites das políticas universalistas em educação. Brasília: UNESCO, 2002.
INFANTINO, Agnese. Qual formação no trabalho educativo com a primeira infância? Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 40, n. 4, p. 987-1004, out./dez. 2015.
NASCIMENTO, Maria Letícia Barros Pedroso. Reconhecimento da sociologia da infância como área de conhecimento e campo de pesquisa: algumas considerações. In: FARIA, Ana Lúcia Goulart de; FINCO, Daniela (orgs.). Sociologia da Infância no Brasil. Campinas- SP: Autores Associados, 2011, p. 37-54.
NUNES, Míghian Danae Ferreira. “Cadê as crianças negras que estão aqui?” O racismo (não) comeu”. Latitude, Vol. 10, nº 2, pp. 383-423, 2016
OLIVEIRA, Fabiana. Um estudo sobre a creche: o que as práticas educativas produzem e revelam sobre a questão racial? 2004. 112 fls. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos, 2004.
OLIVEIRA, Fabiana; BRAMOWICZ, ANETE. Infância, raça e “paparicação”. Educação em Revista, v.26, n°2, agosto. 2010.
OLIVEIRA, Raquel. Relações raciais na escola: uma experiência de intervenção. 1992. 138 fls. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo, 1992.
PRADO, PATRÍCIA DIAS. Relações etárias entre crianças pequenas da educação infantil. CANCIAN, Viviane ache; GALLINA, Simone Freitas da Silva, WESCHENFELDER, Noeli (org.) In: Pedagogia as infâncias, crianças e docências: na educação infantil. Santa Maria: UFSM, Centro de educação, Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo; Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de educação Básica, 2016, p.325-341.
PINTO, Regina. P. Movimento Negro e educação do negro: a ênfase na identidade. Cadernos de Pesquisa. São Paulo,1993, no. 86, p. 25-38.
QUEIROZ, Maria. I. P. Educação como uma forma de colonialismo. Revista Ciência e Cultura,1976, v. 28(12), pp. 1433-1441.
ROSEMBERG, Fúlvia. Discriminações étnico-raciais na literatura infanto-juvenil brasileira. Tempo Brasileiro, São Paulo, n.63, p. 21-39, 1980.
______. Raça e educação inicial. Cadernos de Pesquisa – Fundação Carlos Chagas, São Paulo, n.77, p. 25-34, 1991
SANTOS, Salles. A. A lei n°10.639/03 como fruto da luta antirracista do Movimento Negro. In: Educação antirracista: caminhos abertos pela lei Federal 10.639/03. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005, pp.21-38.
SANTIAGO, Flávio. Meu cabelo é assim... igualzinho o da bruxa, todo armado! Hierarquização e racialização das crianças pequenininhas negras na educação infantil. 2014. 127 fls. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Estadual de Campinas. Campinas- SP, 2014.
SILVA, Ana Célia. A discriminação do negro no livro didático. 2ª. ed. Salvador: EDUFBA, 2004. p. 13-53
SILVA, Petronilha. B. G. Aprender, ensinar e relações étnico-raciais no Brasil. Porto Alegre: Ano XXX , set/dez/2007, no. 3, p. 489-506.
SILVERIO, Valter Roberto; RODRIGUES, Tatiane Consentino. Movimento negro, educação e diáspora: em busca de uma pedagogia da emancipação. In: FARIA, Ana Lúcia Goulart de; BARREIRO, Alex; MACEDO, Elina Elias de; SANTIAGO, Flávio; SANTOS, Solange Estanislau (org.). Infâncias e pós-colonialismo: pesquisas em busca de Pedagogias descolonizadoras, Campinas, SP: Leitura Crítica; Associação de Leitura do Brasil – ALB, 2015, p. 179-212.
SOUZA, Yvone C. Crianças negras: deixei meu coração embaixo da carteira. Porto Alegre: Mediação, 2002.
SOUZA, Ellen de L. Percepções de infância negra, por professoras de educação infantil: Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São Carlos, 2012.
______. Experiências de Infâncias com Produções de Culturas no Ilê Axé Omo OxéIbá Latam. São Carlos, SP, Tese de Doutorado, Universidade Federal de São Carlos, 2016.
UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a infância. O impacto do racismo na infância. Brasília: UNICEF, 2010.
TRINIDAD, Cristiane. Identificação étnico-racial na voz de crianças em espaços de educação infantil. 2011. 222 fls.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).