EDUCAÇÃO, POLÍTICA E PROPAGANDA: O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE NA EXPOSIÇÃO NACIONAL DO ESTADO NOVO (1938-1939)
Resumen
O objetivo deste texto é analisar a presença do Ministério da Educação e Saúde (MES) na Exposição Nacional do Estado Novo, evento ocorrido no Rio de Janeiro, entre 1938 e 1939, cujo objetivo era expor à população aquilo que a administração central havia logrado fazer desde os anos 1930. Partindo da premissa de que o Estado Novo buscou legitimar-se por meio da Exposição, argumentamos que o pavilhão do MES possuiu papel importante para o evento, na medida em que enunciou as diretrizes da política educacional do regime: a nacionalização e a centralização (Bomeny, 1999). Para isso, o Ministério da Educação lançou mão de um conjunto de artefatos (maquetes, fotografias, painéis etc.) como forma de disseminar as representações (Chartier, 1991, 2002) das políticas em curso. Tratava-se de uma estratégia de legitimação (Certeau, 1998), que, por meio do apelo à visualidade, dava a ver as diretrizes da política educacional do Estado Novo.
Citas
BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
CAPELATO, Maria Helena. O Estado Novo: o que trouxe de novo?. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O Brasil Republicano. O tempo do Nacional-estatismo do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 108–143.
CAPELATO, Maria Helena. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. In: PANDOLFI, Dulce (org.). Propaganda política e controle dos meios de comunicação. Rio de Janeiro : Ed. Fundação Getúlio Vargas , 1999. p. 167–189.
CAPELATO, Maria Helena. The Estado Novo: Politics and Political Propaganda in Brazil, 1937–1945. In: OXFORD RESEARCH ENCYCLOPEDIA OF LATIN AMERICAN HISTORY. [S. l.]: Oxford University Press, 2021.
CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Notas para reavaliacão do movimento educacional brasileiro (1920-1930). Cad. pesqui, [s. l.], n. 66, p. 4–11, 1988. Disponível em: http://search.bvsalud.org/portal/resource/en/psi-4687.
CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Reformas da instrução pública. In: LOPES, Eliane Marta Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes de; VEIGA, Cynthia Greive (org.). 500 anos de educação no Brasil. 5. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. p. 225–251.
CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano. Artes de fazer. 3. ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1998. Disponível em: http://scholar.google.com/scholar?hl=en&btnG=Search&q=intitle:A+Inven??o+do+cotidiano#3.
CHARTIER, Roger. A história cultural : entre práticas e representações. Algés: DIFEL, 2002.
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estudos Avançados, [s. l.], v. 5, n. 11 SE-, p. 173–191, 1991. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8601.
COSTA, Rafael Guimarães. Revisitando o Estado Novo: o que nos dizem os Congressos Brasileiros de História da Educação (CBHEs/2000-2015). 2018. Dissertação de mestrado - Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 12. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucília de Almeida Neves (org.). O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo: Segunda República (1930-1945). 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.
FUNARI, Pedro Paulo A. Falos e Relações Sexuais: Representações Romanas para Além da “Natureza”. In: FUNARI, Pedro Paulo A.; FEITOSA, Lourdes Conde; SILVA, Glaydson José da (org.). Amor, desejo e poder na Antiguidade: relações de gênero e representações do feminino. São Paulo: FAP-Unifesp, 2014. p. 301–323.
GARCIA, Nélson Jahr. Estado Novo: Ideologia e Propaganda Política. Rio de Janeiro: RocketEdition, 1999.
GOMES, Ângela de Castro. O Estado Novo e o debate sobre populismo no Brasil. Sinais Sociais. RJ, n. 25, p. 9-37, 2014. Sinais Sociais, [s. l.], n. 25, p. 9–37, 2014.
KOSSOY, Boris. Realidades e Ficções na Trama Fotográfica. 3. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2002.
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. A cultura material no estudo das sociedades antigas. Revista de História, [s. l.], v. 0, n. 115, p. 103, 1983. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/61796.
PANDOLFI, Dulce (org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1999.
PAULILO, André Luiz. A cultura material da escola: apontamentos a partir da história da educação. Revista Brasileira de História da Educação, [s. l.], v. 19, p. 1–24, 2019. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/rbhe/article/view/46818.
QUADROS, Raquel Dos Santos; MACHADO, Maria Cristina Gomes. Gustavo Capanema: criação da Comissão Nacional de Ensino Primário. Educação (UFSM), [s. l.], v. 40, n. 2, p. 413–424, 2015.
SAMPAIO, Gustavo de Almeida. Espaços de consenso — propaganda, política e arquitetura nas Exposições Nacionais Getulistas. Pos FAUUSP, [s. l.], v. 29, n. 55, p. 1–16, 2022. Disponível em: http://dx.doi.org/10.11606/inss.2317-2762.posfau.2020.181845.
SANTOS, Marco Antonio Cabral dos. Francisco Campos: um ideólogo para o Estado Novo. Locus: revista de história, [s. l.], v. 13, n. 2, p. 31–48, 2007.
SCHWARTZMAN, Simon; BOMENY, Helena Maria Bousquet; COSTA, Vanda Maria Ribeiro. Tempos de Capanema. São Paulo: Paz e Terra/Fundação Getúlio Vargas, 2000.
SOLA, Lourdes. O Golpe de 37 e o Estado Novo. In: CARDOSO, Fernando Henrique; FAUSTO, Boris (org.). Corpo e Alma do Brasil. 19. ed. Rio de Janeio : Bertrand Brasil, 1990. p. 256–282.
SOUZA, Rosa Fátima de. História da Cultura Material Escolar: um balanço inicial. In: BENCOSTTA, Marcus Levy Albino (org.). Culturas escolares, saberes e práticas educativas: itinerários históricos. São Paulo: Cortez, 2007. p. 163–189.
VELLOSO, Mônica Pimenta. Cultura e poder político. In: OLIVEIRA, Lúcia Lippi; VELLOSO, Mônica Pimenta; GOMES, Ângela Maria de Castro (org.). Estado Novo. Ideologia e Poder . Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1982. p. 71–108. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).
