O DIREITO À PALAVRA COMO BEM SIMBÓLICO: FAZER-SE OUVIR NA COMUNIDADE E ALÉM OU SOBRE A EMERGÊNCIA DE NOVOS SUJEITOS DE LINGUAGEM
Resumen
Este artigo discute questões relacionadas ao fazer pedagógico com a linguagem, a partir de uma experiência realizada no âmbito de Projeto de Formação de Professores da Terra do Meio/Magistério Extrativista, realizado em três áreas de proteção localizadas no estado do Pará, a saber: Resex Rio Xingu, Resex Riozinho do Anfrísio e Resex Rio Iriri. Toma-se como ponto de partida a concepção sociointeracional de língua/linguagem enquanto pressuposto de práticas pedagógicas por meio das quais se constituem e emergem novos sujeitos, com direito à palavra, especialmente à palavra escrita, e aos demais bens simbólicos por ela estruturados.
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