CRISE, DEMOCRACIA RESTRITA E GOLPE DE 2016

Palavras-chave: Crise. Capitalismo Brasileiro. Estado. Democracia. Golpe de 2016.

Resumo

O presente artigo, resultado de pesquisa bibliográfica e documental, parte de uma análise dos grandes intérpretes da formação sócio histórica do Brasil, objetivando debater sua atualidade para a compreensão da atual crise socioeconômica e política do país com destaque para o golpe de 2016. O artigo enfoca as características da democracia restrita e as formas da dominação burguesa realizada no Brasil com o lulo-petismo. Conclui-se que a contrarrevolução preventiva como característica da formação social brasileira se impôs novamente com o impeachment de Rousseff, resultado não só das formas mais avançadas e orgânicas da conciliação de classes conduzida pelo lulo-petismo, mas do agravamento da crise e a urgência de continuidade das reformas neoliberais. O que é possível inferir que o golpe de 2016 abre uma fratura irreparável no ensaio democrático iniciado no Brasil em 1985.

Biografia do Autor

Cláudia Maria Costa Gomes, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Pós-doutorado pela Universidad Complutense de Madrid. Professora Associada da Universidade Federal da Paraíba, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Economia Política e Trabalho (GEPET/UFPB), cadastrado no DGP/CNPq. 

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Publicado
2021-12-16