AS EPISTEMOLOGIAS OUTRAS: APRENDER COM O PERSPECTIVISMO INDÍGENA A DECOLONIZAR A EDUCAÇÃO ESCOLAR

Resumen

O artigo traz o debate de como superar a hegemonia da epistemologia moderna do saber científico em relação aos saberes construídos via corpo-razão em contextos existências na educação escolar? A metodologia é de revisão bibliográfica. O resultado é que o educacional ameríndio do perspectivismo se dá pela experimentação e transformação corporal-espiritual das afecções e capacidades que são lógicas desvalorizadas pelo científico na educação escolar. Superar essa exclusão significa giro decolonial ao reconhecer o Outro na transmodernidade, na analética e os saberes de fronteira, o seu modo de ser educacional que dão bases para a pedagogia decolonial. Infere-se que a educação libertadora como uma pedagogia decolonial dialoga e reconhece o educando como produtor de conhecimento via corpo-razão considerando ser do perspectivismo ameríndio é aprender a decolonizar a educação escolar como espaço de diálogo entre culturas e saberes inconclusos dos saberes científicos e os saberes do cotidiano na superação das ignorâncias e o respeito entre os sujeitos inseridos em um determinado contexto educacional.

Biografía del autor/a

Henrique de Moraes Junior, Universidade do Estado do Pará (UEPA)

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará (PPGED/UEPA).  Graduado em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). 

Ivanilde Apoluceno de Oliveira, Universidade do Estado do Pará (UEPA)

Doutora em Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).  Mestra em Educação na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Graduada em Licenciatura Plena em Filosofia na Universidade Federal do Pará (UFPA). Docente e Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará (PPGED/UEPA). Bolsista Produtividade do CNPq – PQ2. 

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Publicado
2022-02-14