VAQUEIRAR NO MARAJÓ: LIDAS E VIDAS EM PERFORMANCE
Resumen
O vaqueiro Erandir Vasconcelos, ou Tio Iranda como também era conhecido, fez parte do grupo de profissionais que aprenderam com os antepassados, no cotidiano, a lidar com o gado em campos abertos. E, quando já aposentado, lidou com as memórias do passado. Assim, o objetivo deste trabalho foi registrar narrativas e performances de Erandir acerca de saberes intrínsecos ao ofício de vaqueiro a partir de experiências pessoais sobre a pecuária como elementos integrantes da composição identitária desse profissional da região do Marajó. Os resultados revelaram o percurso desse homem que viveu desde a infância nos campos até o momento em que ele se aposentou e foi morar na cidade. Como conclusão, foi possível notar a pertinência do registro de narrativas orais como estratégia para preservar, em textos escritos, saberes acerca da lida do vaqueiro que é tão relevante no Marajó. Na tessitura dos fios da memória desse profissional, a beleza da arte de narrar se revigora, pois o sopro da voz se perde quando as histórias não são mais contadas.
Citas
BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas – Magia e técnica, arte e política. 7. ed. Trad. de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BERTAUX, Daniel. Narrativas de vida: a pesquisa e seus métodos. Natal: EDUFRN; São Paulo: Paulus, 2010.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: Lembrança de Velhos. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
FARES, Josebel Akel; RODRIGUES, Venize Nazaré Ramos. Marajó e vaqueiros: Memórias de ofício, épica e ancestralidade. XXVIII Simpósio Nacional de História. Florianópolis, Santa Catarina, 2015.
FARES, Josebel Akel. Cartografia Poética. In: OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de (Org.) Cartografias ribeirinhas: saberes e representações sociais sobre práticas sociais cotidianas de alfabetizandos amazônidas. Belém: CCSE-UEPA, 2004.
FREITAS, Sônia. História oral: possibilidades e procedimentos. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP: Imprensa oficial do Estado, 2002.
GALLO, Giovanni. Marajó: a ditadura da água. Belém/PA: Papirus, 1980.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. de Tomaz Tadeu da Silva e Guaracira Lopes Louro. 11. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.
LE GOFF, Jacques. História e memória. II volume. 6. ed. Trad. Bernardo Leitão et al. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 2012.
MEDINA, Maria de Fátima Rocha. Repertório de vaqueiro: memória, experiência, narração. In: FARES, Josebel Akel. Saberes de vaqueiros: épica, ancestralidade, ofício. Belém: EDUEPA, 2017.
MIRANDA, Henrique R. Pai e filho na cabeça. In: Revista Sagrinforma. Belém, Ano VI, n. 27, out. 1982, p. 13.
ZUMTHOR, Paul. Tradição e esquecimento. Tradução do original francês de Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: Hucitec, 1997.
ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz. A “literatura” medieval. Trad. de Jerusa Pires Ferreira e Amálio Pinheiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
Fontes Orais:
VASCONCELOS, Erandir. Registro realizado no município de Soure, de agosto de 2013 a abril de 2014.
SEBASTIÃO. Registro realizado em propriedade rural no município de Soure, em dezembro de 2019.
BAGRE. Registro em uma propriedade rural no município de Soure, em dezembro de 2019.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).