O SILENCIAMENTO DA MULHER EVANGÉLICA: PALAVRAS E CONTRAPALAVRAS
Resumen
Este artigo tem como objetivo analisar como se legitima o silenciamento da mulher religiosa nos discursos ideológicos em igrejas evangélicas. Trata-se de uma análise qualitativa de cunho interpretativo, cujo aporte teórico destacam-se: Volóchinov (2017); Orlandi (1996, 2007); Pêcheux (1997) e Althusser (1985) e outros. Pela categoria do silenciamento, relaciona-se a materialidade “Marcela Temer: Bela, recatada e do lar” (Revista Veja) com materialidades das pastoras Elizete Malafaia e Ana Paula Valadão em suas redes sociais. Ressalta-se que o discurso incentivador das pastoras a então primeira dama ressignificou a construção do ideário da submissão feminina em um continuum discursivo atravessando e marcando tempos. Os resultados ainda apontam que a política do silêncio nos discursos analisados reverberou a função de calar algum sentido, como ato de censura. A censura aparece como uma missão ideológica, a partir da interpelação, incentivando negação à emancipação e à historicidade.
Citas
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado: Nota sobre os aparelhos ideológicos de Estado (AIE). Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
BÍBLIA, Sagrada. Bíblia de Promessas: Revisão do estudo das promessas. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 2006.
FERRAREZI JR., Celso. Pedagogia do silenciamento: a escola brasileira e o ensino de língua materna. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.
FERREIRA, Maria Cristina Leandro. O quadro atual da análise do discurso no Brasil: um breve preâmbulo. In INDURSKY, Freda e Ferreira, Maria Cristina Leandro. (org.) Michel Pêcheux e a análise do discurso: uma relação de nunca acabar. São Carlos: Claraluz, 2005.
LINHARES, J. Marcela Temer: bela, recatada e “do lar”. Veja, 18 abr. 2016. Disponível em: http://veja.abril.com.br/brasil/marcela-temerbela-recatada-e-do-lar/. Acesso em: 15 abr. 2019.
MALAFAIA, Elizete. Minha família é a minha prioridade. Rio de Janeiro, 25 de abr. de 2016. Instagram: @elizetemalafaia. Disponível em: www.instagram.com/elizetemalafaia. Acesso em: 15 abr. 2019.
MELO, Kátia. Discurso, consenso e conflito: a (re)significação da profissão docente no Brasil. Maceió: Edufal, 2011.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis/RJ: Vozes, 1996.
ORLANDI, Eni Puccinelli. As Formas do Silêncio: No Movimento dos Sentidos. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
PIMENTA, Rosângela Oliveira Cruz. Direita, esquerda, volver: protestos de junho de 2013 na mídia brasileira e seus efeitos de sentido no funcionamento discursivo. Tese de Doutorado em Letras e Linguística – Universidade Federal de Alagoas – Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística. Maceió, 2016.
ROSAS, Nina. Cultura evangélica e “dominação” do Brasil: música, mídia e gênero no caso do Diante do Trono. Dissertação de Mestrado em Sociologia - Universidade Federal de Minas Gerais - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte, 2015.
SOBRINHO SILVA. Helson Flávio da. Et al. O acontecimento discursivo no discurso educacional de Lula: novos sentidos de público irrompem no Brasil. In: Maria do Socorro Aguiar de Oliveira Cavalcante. (Org.). Linguagem, Discurso, Ideologia: a materialidade dos Sentidos. Maceió: Edufal, 2017.
VALADÃO, Ana Paula. Minha família é a minha prioridade. Belo Horizonte, 25 de abril de 2016. Instagram: @anapaulavaladao. Disponível em: www.instagram.com/anapaulavaladao. Acesso em: 15 abr. 2019.
VOLÓCHINOV, Valentin. A Construção da Enunciação e Outros Ensaios. São Carlos: Pedro e João editores, 2013.
VOLÓCHINOV, Valentin. Marxismo e Filosofia da Linguagem: Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: editora 34, 2017.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).