AFRO-ANTILHANOS EM PORTO VELHO, BRASIL: HISTÓRIA, CULTURA E ALFABETIZAÇÃO

Palavras-chave: Afro-Antilhanos. Barbadianos. Aculturação. Alfabetização.

Resumo

Este artigo faz uma breve contextualização histórica, a respeito do processo imigratório no início do século XX das Antilhas inglesas para o Brasil, mais especificamente para Porto Velho. O objetivo é analisar como aconteceu o processo de aculturação desses imigrantes, chamados aqui de afro-antilhanos, mas reconhecidos no texto histórico da região de Rondônia como sendo os barbadianos. Dessa maneira, destacamos a relação entre o idioma materno e a língua portuguesa no processo inicial da alfabetização. Os dados foram obtidos e têm origem em fontes bibliográficas, documentos, fotos, um questionário e uma entrevista semiestruturada com dois descendentes da comunidade de Porto Velho, Rondônia. As conclusões indicam o confronto e embaraços dos participantes da pesquisa, quando crianças, quando ingressaram em escolas nas décadas de 1940 e 1970. De um lado, vinham quase ou totalmente alfabetizados em inglês, com o apoio da oralidade do dialeto bajan, e, de outro, eles passavam por novo processo para aprender o português, supostamente para serem alfabetizados, mas, na realidade, eles estavam aprendendo uma língua estrangeira. O processo progressivo de aculturação dos afro-antilhanos e de seus descendentes promoveram a sua rarefação cultural, o apagamento do dialeto, a adaptação de seus nomes familiares e a perda da identidade cultural.

Biografia do Autor

Cledenice Blackman, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia - IFRO

Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Câmpus Marília. Professora de História na Prefeitura Municipal de Porto Velho e Bibliotecária/Documentalista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia - IFRO.

Dagoberto Buim Arena, Universidade Estadual Paulista

Professor Adjunto da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Doutor em Educação e Livre Docente em Leitura pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Marília.

Tânia Suely Antonelli Marcelino Brabo, Universidade Estadual Paulista

Professora Doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo e Pós-Doutorado em Educação pela Universidade do Minho-Braga-Portugal e Professora Assistente Doutora Efetiva da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

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Publicado
2020-05-07