A CADEIA DE CUSTÓDIA DE VESTÍGIOS DOS CRIMES SEXUAIS: OS DESAFIOS PARA IMPLANTAÇÃO DESSA NOVA POLÍTICA PÚBLICA DE ATENDIMENTO À MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL NO SUS
Resumen
A Cadeia de Custódia (CC) é uma nova política pública que estrutura o processo de coleta, registro e armazenagem do vestígio da violência sexual. Sua instalação no SUS tem enfrentado desafios. Apesar de existirem hospitais que realizam esse serviço no Brasil, nenhum é credenciado oficialmente junto ao Ministério da Saúde (MS) para a realização deste. Objetivo: conhecer e avaliar o processo de implantação da CC em dois hospitais indicados pelo MS, um em Curitiba-PR, outro em Belo Horizonte-MG. Método: estudo descritivo-exploratório realizado durante visitas técnicas nos hospitais, quando entrevistou-se profissionais que atuam na CC. Analisou-se o conteúdo das entrevistas que originaram quatro categorias, que revelaram que apesar de existirem legislações que sustentam a implantação da cadeia de custódia no âmbito do SUS, ela só é possível mediante uma forte articulação entre as Secretarias de Saúde e Segurança Pública para que esse atendimento seja realizado de forma oficial, contínua e eficaz.
Citas
ARRAIS, A. R.; ZERBINI, E. C.; JOTA, F. S. S. V. B. O.; ALMEIDA, R. R. de M.; COSTA, A. R. C.; SILVA, K.T. Desafios para implantação da cadeia de custódia para as vítimas de estupro no Distrito Federal. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, e20190101, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452020000100301&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 fev. 2020.
BANDEIRA, L. Fortalecimento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. CEPAL/SPM. Brasília, 2005.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 1. Ed. São Paulo: Edições 70 – Brasil, 2011.
BRASIL, Portaria Interministerial nº 288, de março de 2015. Estabelece orientações para a organização e integração do atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança pública e pelos profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto à humanização do atendimento e ao registro de informações e coleta de vestígios. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2015/julho/02/Portaria-Interministerial-n---288.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.
BRASIL, Decreto nº 7.958 de 13 de março de 2013. Estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança pública e da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7958.htm. Acesso em: 20 dez. 2019.
BRASIL, Lei 12.845, de 1 de agosto de 2013. Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12845.htm. Acesso em: 20 dez. 2019.
BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Atenção humanizada às pessoas em situação de violência sexual com registro de informações e coleta de vestígios; 2015.
BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes. Norma técnica. Brasília: Ministério da Saúde; 2005.
CERQUEIRA, D.; COELHO, D. S. C. Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados de saúde (versão preliminar), Nota Técnica, IPEA, Nº 11, Brasília, março de 2014. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/artigo/21/estupro-no-brasil-uma-radiografia-segundo-os-dados-da-saude. Acesso em: 20 dez. 2019.
FAUNDES, A.; ROSAS, C. F.; BEDONE, A. J.; OROZCO, L. T. Violência sexual: procedimentos indicados e seus resultados no atendimento de urgência de mulheres vítimas de estupro. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 28, n. 2, p. 126-135, fev. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032006000200009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 20 dez. 2019.
FLEURY-TEIXEIRA, E.; MENEGHEL, S. N. (organizadoras). Dicionário feminino da infâmia. Acolhimento e Diagnóstico de Mulheres em Situação de Violência. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2015.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA – FBSP. Anuário brasileiro de segurança pública. Edição XIII. São Paulo, 2019.
HASSE, M.; VIEIRA E. M. Como os profissionais de saúde atendem mulheres em situação de violência? Uma análise triangulada de dados. Saúde debate, Rio de Janeiro, v. 38, n. 102, p. 482-493, set. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-11042014000300482&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 20 dez. 2019.
HUÇULAK, M; FERREIRA, M.C.F.; TCHAIKOVSKI, H. L. D. Protocolo para o atendimento às pessoas em situação de violência sexual. 2. ed. Curitiba: SESA, 2017.
KRUG, E. G.; DAHLBERG, L. L.; MERCY. J. ZWI, A.B.; LOZANO, R. Relatório mundial sobre violência e saúde. Organização Mundial de Saúde. Genebra, 2002. Disponível em: https://opas.org.br/wp-content/uploads/2015/09/relatorio-mundial-violencia-saude.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.
MADEIRO, A. P.; DINIZ, D. Serviços de aborto legal no Brasil – um estudo nacional. Ciênc. Saúde coletiva,Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 563-572, Fev. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016000200563&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 20 dez. 2019.
MENEZES, I. A.; BORRI, L. A.; SOARES, R. J. A quebra da cadeia de custódia da prova e seus desdobramentos no processo penal brasileiro. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 1, p. 277-300, jan./abr. 2018. Disponível em: http://www.ibraspp.com.br/revista/index.php/RBDPP/article/view/128. Acesso em: 20 dez. 2019.
OLIVEIRA, E. M.; BARBOSA, R. M.; MOURA, A. A. V. M.; KOSSEL, K. V.; MORELLI, K.; BOTELHO, L. F. F.; STOIANOV, M. Atendimento às mulheres vítimas de violência sexual: um estudo qualitativo. Rev. Saúde Pública,São Paulo, v. 39, n. 3, p. 376-382, June 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102005000300007&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 20 dez. 2019.
PINTO, L. S. S.; OLIVEIRA, I. M. P.; PINTO, E. S. S.; LEITE, C. B. C.; MELO, A. do N.; DEUS, M. C. B. R. Políticas públicas de proteção à mulher: avaliação do atendimento em saúde de vítimas de violência sexual. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2017, v. 22, n. 5, p. 1501-1508. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232017002501501 Acesso em: 20 nov. 2019.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).