O/A PESQUISADOR/A COMO ADULTO/A ATÍPICO E OS DESAFIOS DAS PESQUISAS COM CRIANÇAS

Palavras-chave: Adultocentrismo. Epistemologias. Criança pequenininha.

Resumo

neste artigo tomamos a ideia trazida por Corsaro de “adulto atípico” para discutir os desafios de fazer pesquisa com crianças no Brasil. Embora tenha ocorrido uma “virada epistemológica” que trouxe a criança para o centro da pesquisa, elencamos alguns pressupostos que ainda colocam em xeque a validade e o alcance dessas pesquisas. Tal reflexão permitiu identificar que se torna urgente a construção de uma epistemologia descolonizada no campo da Educação Infantil e que para isso é fundamental retomar dois princípios: o primeiro é a desconstrução do olhar adultocêntrico; o segundo, relacionado com o primeiro, diz respeito a valorização das infâncias e da criança como sujeito social que exige maior participação na sociedade e, consequentemente, na produção do conhecimento sobre ela.

Biografia do Autor

Solange Estanislau dos Santos, Gepedisc-FE/Unicamp e Geppeci/UFAL

Doutora em Educação - Unicamp, Professora no IFSP- Caraguatatuba.

Elina Elias de Macedo, UFSCAR

Doutora em Educação pela Unicamp. Membro do GEPEDISC - Culturas Infantis (FE/UNICAMP); Professora substituta da UFSCAR (Câmpus Sorocaba).

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Publicado
2021-02-24