VIRTÙ E FORTUNA EM MAQUIAVEL
Resumen
No presente estudo analisamos as concepções de virtù e fortuna discutidas por Maquiavel ao longo de O Príncipe e os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio – os Discorsi. O questionamento que orientou a escrita deste artigo foi saber se as concepções de virtù e fortuna utilizadas nas duas referidas obras apresentam as mesmas conotações e características. Argumentamos que em O Príncipe a virtù refere-se às qualidades políticas e morais do governante enquanto que no Discorsi a virtù também se manifesta no povo. Na leitura do Discorsi o foco de análise é a república romana e as constantes discórdias sociais existentes entre a plebe e a nobreza. Em O Príncipe a fortuna impõe obstáculo à ação política do governante e no Discorsi também impõe dificuldades à ação política do povo. Exploramos as características da virtù do legislador e do povo e a influência da fortuna no exercício do poder político do governante e da ação em conjunto dos cidadãos. O príncipe vive seus dias de glória ao ordenar um Estado duradouro capaz de proteger seus cidadãos contra os inimigos estrangeiros, garantindo-lhes segurança e paz, enquanto que a virtù do povo é indispensável para assegurar participação política e liberdade cívica.
Citas
Adverse, Helton. (2009). Maquiavel: política e retórica. Editora UFMG.
Arendt, Hannah. (2002). Notas sobre a política e o Estado em Maquiavel. In: Hannah Arendt e Merleau-Ponty sobre Maquiavel. Lua nova, São Paulo, nº 55-56.
Bignotto, Newton. (1991). Maquiavel republicano. São Paulo: Loyola (Coleção Filosofia:
Vol. 19).
Gaille-Nikodimov, Marie. (2007). Conflito e liberdade: a política maquiaveliana entre a história e a medicina. Tradução de José Luiz Ames. Toledo.
Gaille-Nikodimov, Marie. (2008). Maquiavel. Lisboa: Portugal, Edições 70.
García, José María González. (1999). Someter la ocasión, domar la fortuna. (Orgs.) Aramayo, Roberto Rodríguez; et al. La herencia de Maquiavelo: modernidad y voluntad de Poder. Editora: Fondo de Cultura Econômica, Madrid, pp.303-326.
Maquiavel, Nicolau. (1973). O Príncipe: Escritos políticos. 1ª ed. Coleção Os pensadores.
Maquiavel, Nicolau. (2007). Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Tradução MF.
São Paulo: Martins Fontes.
Merleau-Ponty. (2002). Sobre Maquiavel. In: ______. Hannah Arendt e Merleau-ponty sobre Maquiavel. Lua nova, São Paulo, nº 55-56.
Pocock, J. G. A. (2002). El momento maquiavélico: el pensamiento político florentino y la tradicion republicana atlántica. Traducción de Marta Vázquez-Pimentel y Eloy García. Madrid, Editorial Tecnos.
Silva, Ricardo. (2010). Maquiavel e o conceito de liberdade em três vertentes do novo republicanismo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, Vol. 25, Nº 72, Fevereiro.
Silva, Ricardo. (2013). Da honra ao patrimônio: conflito social e instituições políticas nos Discorsi de Maquiavel. Revista Brasileira de Ciência Política, (12): p.43-66.
Skinner, Quentin. (1996). As fundações do pensamento político moderno. Revisão técnica Renato Janine Ribeiro. – São Paulo: Companhia das letras.
Strauss, Leo. (1957). Thoughts on Machiavelli. The free press, Glencoe.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).