MICROPOLÍTICAS DE RESISTÊNCIA QUEER NA NARRATIVA DE UMA PROFESSORA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Resumen
Neste artigo, discuto micropolíticas de resistência queer narradas por uma professora da Educação Básica de Sergipe, Brasil, enquanto estratégias de (sobre)vivência de seu corpo e de sua subjetividade, em face dos processos de normalização de gênero e sexualidade em operação no espaço escolar, desde uma perspectiva pós-identitária da linguagem, do currículo e das subjetividades. Para tanto, tensionando fronteiras disciplinares entre a Linguística Aplicada, a Educação e os Estudos de Gênero e Sexualidade, lançando mão de uma perspectiva qualitativa pós-crítica de pesquisa em linguagem na geração e interpretação de dados. Como fruto do trabalho analítico empreendido, argumento acerca dos efeitos de desestabilização produzidos pela presença e pela agência de sujeitos dissidentes num currículo pautado pela cisheteronormatividade, da potencialidade de epistemologias queer e trans como discursos heterotópicos, bem como da importância estratégica de alianças entre corpos precarizados na construção de uma resistência aos processos de normalização desde o espaço escolar.
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