EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DIANTE DA DIVERSIDADE E DA INTERCULTURALIDADE
Resumen
Este artigo discute os desafios e as possibilidades da formação de professores de Língua Portuguesa para contextos plurilíngues e interculturais, à luz da Educação Linguística. Em um cenário marcado por desigualdades históricas e silenciamento das variedades linguísticas e culturais dos estudantes, defendemos uma formação docente que vá além da prescrição normativa da língua, reconhecendo a diversidade como valor formativo e político. Fundamentados em autores como Freire, Bagno, Bortoni-Ricardo, De Mauro, Antunes, Koch e Marcuschi, realizamos uma análise teórico-reflexiva de documentos oficiais (PCNs e BNCC), de propostas formativas e de práticas pedagógicas documentadas em pesquisas acadêmicas. Os resultados indicam que, embora os documentos normativos reconheçam a variação linguística, ainda prevalece uma abordagem superficial e desarticulada da diversidade nas orientações curriculares. Além disso, a formação inicial e continuada de professores muitas vezes reforça o ensino da norma-padrão como única forma legítima de expressão linguística. Por outro lado, destacamos experiências pedagógicas que evidenciam a potência de práticas de letramento crítico, valorização da oralidade e mediação intercultural. Concluímos que a consolidação de uma política linguística emancipatória na escola pública exige reformas curriculares, investimentos na formação docente e o fortalecimento de redes pedagógicas comprometidas com a linguística e com a construção de uma educação democrática.
Citas
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