SIGNIFICADOS DA MATERNIDADE “TARDIA”: UMA INTERLOCUÇÃO ENTRE A PSICANÁLISE E OS ESTUDOS FEMINISTAS
Abstract
Propõe-se investigar os significados da experiência da maternidade “tardia”, tomando como referência teórica a psicanálise e os estudos feministas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e documental. Como instrumento de análise, utilizaram-se blogs e perfis na rede social Instagram que trazem em seu bojo depoimentos e comentários realizados por suas seguidoras sobre a vivência de uma gestação depois dos 35 anos, faixa etária considerada pela medicina como tardia e, portanto, de alto risco. Os dados foram tratados a partir da análise de conteúdo, trazendo significados que se relacionam com desde a “luta” para engravidar, passando pela expectativa ansiosa em relação à saúde do bebê, por sentimentos de culpa em função do adiamento da maternidade, oriundos de um discurso médico opressor, até a vivência do processo subjetivo do “tornar-se mãe”. Concluiu-se que até escolherem engravidar, as mulheres, de modo geral, sofrem atravessamentos discursivos associados à maternidade compulsória.
References
ALDRIGHI, J. D. et al. As experiências das mulheres na gestação em idade materna avançada: revisão integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 50, n. 3, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/FM3Q7h8Q55PmtBYZZDqwjwm/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 2 maio 2023.
ALDRIGHI, J. D.; WALL, M. L.; SOUZA, S. R. R. K. Vivências de mulheres na gestão em idade tardia. Revista Gaúcha de Enfermagem, n. 39, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/4YpwtCtBmMzk8hYt8HwPrdw/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 29 abr. 2023.
AMBRA, P. Gênero e identificação. Stylus: Revista de Psicanálise, v. 35, p. 35-50, 2018. DOI https://doi.org/10.31683/stylus.v0i35.47. Acesso em: 3 maio 2023.
ANDRÉ, S. O que quer uma mulher. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2011 [1985].
BARDIN, L.(2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. 5. ed. Brasília, DF: Editora do Ministério da Saúde, 2010. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: plano de ação 2004-2007. Brasília, DF, 2004a.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes. Brasília, DF, 2004b.
BRASIL. Resolução no 510, de 7 de abril de 2016. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf. Acesso em: 2 maio 2023.
CAFFÉ, M. Feminilidade e maternidade. In: TEPERMAN, D.; GARRAFA, T.; IACONELLI, V. Gênero. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
CHODOROW, N. Psicanálise da maternidade. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2002.
FREUD, S. Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância. In: FREUD, S. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980 [1910]. v. XI.
FREUD, S. Novas conferências introdutórias sobre a psicanálise. In: FREUD, S. Conferência XXXIII: feminilidade. Rio de Janeiro: Imago, 1996 [1933 (1932)]. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 22).
FREUD, S. O futuro de uma ilusão, o mal-estar na civilização e outros trabalhos. In: FREUD, S. Sexualidade feminina. Rio de Janeiro: Imago, 1996 [1931]. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 21).
GRISCI, C. L. I. Mulher — mãe. Psicol. Cienc. Prof., Brasília, DF, v. 15, n. 1-3, p. 12-17, 1995. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931995000100003&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 2 maio 2023.
IACONELLI, V. Mal-estar na maternidade: do infanticídio à função materna. São Paulo: Zagodoni, 2020.
KEHL, M. R. Deslocamentos do feminino: a mulher freudiana na passagem para a modernidade. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
LINS, P. G. A. et al. O sentido da maternidade e da infertilidade: um discurso singular. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 31, n. 3, p. 387-392, jul./set. 2014.
MALDONADO, M. T. Psicologia da gravidez: parto e puerpério. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
MANSUR, L. H. B. Experiências de mulheres sem filhos: a mulher singular no plural. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 23, n. 4, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/qnKD9ggzVd4DvzpJVvNvtcx/#. Acesso em: 20 fev. 2023.
MARCOS, C. M. O desejo de ter um filho e a mulher hoje. Trivium, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, p. 246-256, dez. 2017. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-48912017000200010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 7 set. 2022.
MATHELIN, C. O sorriso da Gioconda: clínica psicanalítica com os bebês prematuros. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 1999.
MILLER, J.-A. A criança entre a mulher e a mãe. Opção Lacaniana, v. 5, n. 15, 2014. Disponível em: http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_15/crianca_entre_mulher_mae.pdf. Acesso em: 20 abr. 2023.
MINAYO, M. C. de S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
NUNES, S. A. Afinal, o que querem as mulheres? Maternidade e mal-estar. Psicologia Clínica, v. 23, n. 2, p. 101-115, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pc/a/zdgTVQcDQzsFZCxnrGtW6db/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 2 maio 2023.
PISCITELLI, A. Gênero: a história de um conceito. In: ALMEIDA, H. B.; SZWAKO, J. Diferenças, igualdade. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009. p. 116-148.
PRATA, A. K. A. V.; CINTRA, E. M. de U. Apoio e acolhimento à mulher que se torna mãe: uma escuta psicanalítica. Rev. Latino-am. Psicopat. Fund., São Paulo, v. 20, n. 1, p. 34-50, mar. 2017.
SÁ-SILVA, J. R.; ALMEIDA, C. D. de; GUINDANI, J. F. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira e História & Ciências Sociais, v. 1, n. 1, 2009. Disponível em: https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/10351. Acesso em: 22 fev. 2023.
SCAVONE, L. A maternidade e o feminismo: diálogo com as ciências sociais. Cadernos Pagu, n. 16, p. 137-150, 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cpa/a/3wSKqcsySs8ZV4rHM63K8Lz/?lang=pt. Acesso em: 15 jan. 2023.
STAKE, R. Case studies. In: DENZIN, N.; LINCOLN, T. Handbook of qualitative research. Londres: Sage, 2005. p. 108-132.
TRAVASSOS-RODRIGUEZ, F.; FÉRES-CARNEIRO, T. Maternidade tardia e ambivalências: algumas reflexões. Tempo Psicanalítico, Rio de Janeiro, v. 45, n. 1, p. 111-121, jun. 2013. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382013000100008. Acesso em: 19 jun. 2023.
VÁSQUEZ, G. Maternidade e feminismo: notas sobre uma relação plural. Revista Trilhas da História, v. 3, n. 6, p. 167-181, 2014. Disponível em: https://trilhasdahistoria.ufms.br/index.php/RevTH/article/view/472. Acesso em: 23 mar. 2023.
VIOLANTE, M. L. V. Desejo de ter filhos ou desejo de maternidade ou paternidade?. Jornal de Psicanálise, São Paulo, v. 40, n. 72, p. 153-164, jun. 2007.
WINNICOTT, D.-W. O ódio na contratransferência. In: WINNICOTT, D.-W. Textos selecionados: da pediatria à psicanálise Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1993 [1947]. p. 341-354.
Copyright Notice
The submission of originals to this periodic implies in transference, by the authors, of the printed and digital copyrights/publishing rights. The copyrights for the published papers belong to the author, and the periodical owns the rights on its first publication. The authors will only be able to use the same results in other publications by a clear indication of this periodical as the one of its original publication. Due to our open access policy, it is allowed the free use of papers in the educational, scientific and non-commercial application, since the source is quoted (please, check the Creative Commons License on the footer area of this page).