SABERES LOCALIZADOS DE MULHERES NEGRAS:PERSPECTIVAS PARA NARRATIVAS DECOLONIAIS
Abstract
Em tempos de movimentos anti-ciências, especialmente no campo das ciências humanas e sociais, de uma profunda ojeriza aos intelectuais, propomos reflexões de narrativas em torno dos saberes localizados, como insurgência da desobediência epistêmica ao hegemonismo intelectual, a partir do lugar de pesquisadoras conectadas pelas experiências comuns que nos atravessam, fazendo pesquisa sobre produção e difusão do conhecimento no campo dos estudos de gênero, raça e geração. Para tanto, o método que colabora para a corporificação da pesquisa é a etnografia, onde ousamo-nos nas experimentações do “Saber localizado”, uma modelagem ética, estética e política, tecida no saber e ser de mulheres negras, imbricadas por suas histórias comuns, como potencialidades para a construção de uma narrativa que se lance para uma epistemologia decolonial. Como resultado apontamos para os atravessamentos identitários das colaboradoras que perpassam o limite territorial. Com este trabalho refletimos sobre os saberes de mulheres periféricas, enquanto agentes do conhecimento situado e legítimo dentro de epistemologias que estão fora do radar, mas que ainda assim, ocupam uma lógica dentro de estruturas legitimadas por suas comunidades.
References
BAUMAN, Zygmunt. A agonia de Tântalo. In: BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p. 13-23.
__________. Da igualdade ao multiculturalismo. In: BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p. 82-99.
BENJAMIN, Walter. O anjo da História. Tradução João Barrento. 1a.ed. São Paulo: Autêntica Editora, 2012.
CARNEIRO, Sueli. Identidade Feminina. Cadernos Geledés, nº 4, 1993.
__________. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. [S.l.: Unifem], 2011.
CASTRO. Mary Garcia. Alquimia de categorias sociais na produção dos sujeitos políticos. Gênero, Raça e Geração entre Líderes do Sindicato de Trabalhadores Domésticos em Salvador. ESTUDOS FEMINISTAS, Ano 57, No. 92, p. 57-73.
COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Trad. Jamile Pinheiro Dias. São Paulo: Boitempo, 2019.
________, Patricia Hills. Epistemologia feminista negra. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón (Orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. (Coleção Cultura Negra e Identidades). pp. 139-170.
CRENSHAW, Kimberle. A interseccionalidade da discriminação de raça e gênero. 2002. Disponível em:
EVARISTO, Conceição. Gênero e etnia: uma escre(vivência) de dupla face. In: MOREIRA, Nadilza Martins de Barros; SCHNEIDER, Liane (Orgs.). Mulheres no Mundo: Etnia, Marginalidade e Diáspora. João Pessoa: Ideia/Editora Universitária UFPB, 2005.
GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro e a intelectualidade negra descolonizando os currículos. In: BERNARDINO COSTA, Joaze; MALDONADO TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón. (Orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. (Coleção Cultura Negra e Identidades). pp. 223-246.
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino. Caderno de formação política do círculo Palmarino, [S. l.]: Batalha de ideias, n. 1.
___________. A mulher negra na sociedade brasileira. In: LUZ, M. (Org.). O lugar da mulher. Rio de Janeiro: Graal, 1982.
HARAWAY, Donna. Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminino e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, 5, 1995.
hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2017.
JESUS, Carolina Maria de. Diário de Bitita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986
KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2019.
MACEDO, R. S. A etnopesquisa crítica e multirreferencial nas ciências humanas e na educação. Salvador: Edufba, 2000.
MESSEDER, Suely Aldir. A construção do conhecimento científico blasfêmico ou para além disto nos estudos de sexualidades e gênero. In: II Congreso de Estudios Poscoloniales. III Jornadas de Feminismo Poscolonial, 2014. v. 2.
___________. A pesquisadora encarnada: uma trajetória decolonial na construção do saber científico blasfêmico. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Pensamento Feminista Hoje: Perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
NASCIMENTO, Beatriz. Negro e racismo. In: RATTS, Alex. Eu sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial; Instituto Kuanza, 2007.
MOREIRA, Nadilza Martins de Barros; SCHNEIDER, Liane (Orgs.). Mulheres no mundo: etnia, marginalidade e diáspora. João Pessoa: Ideia, 2005.
PITASSE, Mariana. Brasil de fato. Jurema Werneck: “Somos herdeiras de mulheres que construíram a própria força”. 27 de julho de 2016. Disponível em:
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales – CLACSO, 2005.
SANTOS, Boaventura de Souza. Introdução à Uma Ciência Pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989.
Copyright Notice
The submission of originals to this periodic implies in transference, by the authors, of the printed and digital copyrights/publishing rights. The copyrights for the published papers belong to the author, and the periodical owns the rights on its first publication. The authors will only be able to use the same results in other publications by a clear indication of this periodical as the one of its original publication. Due to our open access policy, it is allowed the free use of papers in the educational, scientific and non-commercial application, since the source is quoted (please, check the Creative Commons License on the footer area of this page).