“CABELO DE BOMBRIL” OU “CABELO ALISABEL”?: REFLEXÕES SOBRE MEMÓRIA, INFÂNCIAS E IDENTIDADE NEGRA

Palavras-chave: Feminismo Negro. Interseccionalidade. Racismo. Infância. Educação Antirracista.

Resumo

O presente artigo discute processos subjetivos de significação de situações de racismo, partindo de análises interpretativas da performance “Cinco anos”, de Luciana Gresta e de reflexões a respeito do romance Americanah, de Chimamanda Adichie (2014), do livro Memórias da Plantação, de Grada Kilomba (2019),e de uma peça publicitária da Bombril veiculada em 2012. A discussão sustenta-se no diálogo com teóricas do feminismo negro, em uma abordagem interseccional, que enfoca os marcadores sociais de gênero, raça, classe e idade. Os efeitos do racismo no corpo da criança negra encobrem a potência infantil do agir, do pensar e do sentir, tornando complexas as possíveis construções de epistemologias antirracistas, mesmo quando o desejo é a resistência. No contexto dasopressões que as meninas negras experimentam cotidianamente, consideramos que narrativas como as que foram apresentadas podem ajudar a traçar caminhos e estratégias para a produção de novas realidades para infância negra, tão mais fragmentada nos processos subjetivos de descolonização.

Biografia do Autor

Barbara Duarte Benatti, Universidade de Brasília (UnB)

Doutoranda e mestre em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade de Brasília (PPG-CEN). Arte educadora. 

Débora Cristina Sales da Cruz Vieira, Universidade de Brasília (UnB)

Doutoranda em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade de Brasília. Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília. Professora da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.  Membro do Fórum de Educação Infantil do Distrito Federal. Membro do Círculo Vigotskiano - Grupo de Estudos em Teoria Histórico-Cultural. Membro do Grupo de Pesquisa CNPq Imagens e(m) Cena.

Luciana Maria Rodrigues Gresta, Universidade de Brasília (UnB)

Doutoranda em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília - PPGCEN/UnB. Mestra em Artes pela Universidade de Brasília.  Professora da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. 

Maria Oliveira Villar de Queiroz, Universidade de Brasília (UnB)

Doutoranda em Artes Cênicas no Programa de Pós Graduação das Cênicas da Universidade de Brasília. Mestrado em Teoria, História e Crítica pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Pesquisa arquitetura vernacular, cultura popular, teatros populares, teatro de rua, teatro de formas animadas, espaço performativo, cidade performativa e outras poéticas teatrais.

Referências

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Publicado
2022-01-28