DONA ONETE E SUA INTERSECCIONALIDADE: A FISSURA NO DISCURSO COLONIAL NA CONTEMPORANEIDADE

Palavras-chave: Dona Onete. Dispositivo. Poder. Discurso. Colonialidade.

Resumo

Nenhum dispositivo de saber e poder tem contornos invioláveis e as subjetividades trapaceiam. É nesta direção que este artigo olha para a mais notabilizada cantora e compositora paraense desta última década, Dona Onete. Uma sujeita que desafia as estrategicamente arrumadas categorias teóricas e visibiliza seu corpo como tradução da resistência ao capitalismo, ao patriarcalismo e aos saberes institucionalizados. Adota-se como referência teórico-metodológica a arqueogenealogia baseada na obra de Michel Foucault, sobretudo as definições de dispositivo e história descontínua, os estudos decoloniais e a perspectiva interseccional de Lélia Gonzalez para pensar as diferentes constituições possíveis de uma mulher latino-americana que contraria a ordem hegemônica. 

Biografia do Autor

Yorranna Suilan Oliveira Barbosa, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Mestranda em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Licenciada em Letras-Português pelo Instituto Federal do Pará (2019). 

Ivânia dos Santos Neves, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Professora do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará. Docente permanente da Faculdade de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPA. Bolsista de Produtividade do CNPq. Pós-Doutorado em Linguagens e Governamentalidade pela Unesp de Araraquara. Doutorado em Linguística, na área de Análise do Discurso pela Unicamp (2009). Mestrado em Antropologia pela Universidade Federal do Pará (2004). Licenciatura em Letras pela Universidade Federal do Pará (1992). Prêmio Jabuti 2000, na categoria didático. Líder do GEDAI - Grupo de Estudos Mediações e Discursos na Amazônia. 

 

Referências

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Publicado
2022-01-28