PASTINHA FOI ADIANTE: CAPOEIRA ANGOLA, REDES VIRTUAIS E COMUNIDADES TRANSNACIONAIS

Palavras-chave: Capoeira Angola. Relações Brasil-África. Diáspora Africana. Comunidades Transnacionais.

Resumo

Desde que Mestre Pastinha foi a Dakar em 1966, muitas transformações aconteceram nas relações do Brasil com a África. Em seu trânsito por múltiplas fronteiras, a comunidade da Capoeira Angola constituiu-se em campo de produção de saberes acadêmicos e proliferou-se com apoio de políticas estatais. A interação entre pesquisas e práticas na Capoeira Angola deu início à constituição de um cânone literário formulado a partir de distintas linguagens e referências. O contexto de pandemia expôs pelas redes virtuais certas tensões e desigualdades nesta comunidade, assim como vem propondo alterações nas relações dentro da comunidade da Capoeira Angola. Em meio às crises e desafios, grupos transnacionais de Capoeira Angola como FICA e Nzinga, seguem reatualizando o legado de Pastinha, prestigiando a ligação com a África ancestral e a África do presente.

Biografia do Autor

Adailton Silva, Universidade Federal de Goiás

Doutor em Antropologia, em estágio pós-doutoral no Programa de Pós-graduação em Educação da UFG – Regional Jataí,  Treinel do Grupo Nzinga de Capoeira Angola.

Referências

ABIB, Pedro Rodolpho Jungers. Capoeira Angola: Cultura Popular e o Jogo dos saberes na roda. Campinas: Unicamp/Salvador:Edufba, 2005.
ALVES, Aristides. Casa dos Olhos do Tempo que fala da Nação Angolão Paketan Kunzo Kia Mezu Kwa Tembu Kisuelu Kwa Muije Angolão Paketan. Salvador: Asa Foto, 2010.
ALVES, Carine Costa. Centenário do Mestre João Pequeno de Pastinha: Etnografia e reflexões sobre a Capoeira Angola. Revista Semina V. 17, N.º 1, 2017
ARAÚJO, Rosângela Costa. Iê, viva meu mestre: A Capoeira Angola da ‘escola pastiniana’ como práxis educativa. Tese de doutorado em Educação. São Paulo: USP, 2004.
_____É preta, Kalunga: A capoeira angola como prática política entre os capoeiristas baianos (Anos 80-90). Rio de Janeiro: MC&G, 2015.
ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Capoeira: From Slave Combat Game to Global Martial Art. Oxford Research Encyclopedia of Latin American History. Londres, 2019.

BRITO, Celso de. Berimbau’s “use value” and “exchange value”: Production and consumption as symbols of freedom in contemporary global Capoeira Angola. Vibrant.V9 n.2, 2012.
CASTRO JÚNIOR, Luis Vítor de. Campos de visibilidade da Capoeira Baiana: as festas populares, as escolas de capoeira, o cinema e a arte (1955-1985). Tese de doutorado em História defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). São Paulo, 2008.
CASTRO, Maurício Barros de. Mestre João Grande: na roda do mundo. Rio de Janeiro: Garamond: Fundação Biblioteca Nacional, 2010.
COUTINHO, Daniel. O ABC da Capoeira Angola: os manuscritos de Mestre Noronha. Brasília: Centro de Informação e Documentação sobre Capoeira, 1993.
DETTMANN, Christine. History in the making: a Ethnography into the Roots of Capoeira Angola. The world of music (New Series) Vol. 2 Nº 2 Transatlantic Musical Flows in The Lusophone World. Berlin: Departamento de Musicology Georg August Universtität Göttingen, 2013.
DOMINGUES, Petrônio. Entre Dandaras e Luisas Mahins: Mulheres Negras e anti-racismo no Brasil. In PEREIRA, Amauri Mendes; SILVA, Joselina da. (organizadores). O Movimento Negro Brasileiro: escritos sobre os sentidos de democracia e justiça social no Brasil. Belo Horizonte: Nandyala, 2009.
DOWNEY, Greg. Capoeira as an art of Living: the aesthetics of a cunning existence. In GILBERT, Keith. Fighting: intellectualising combat sports. Illinois: Commom Grounch Publishing, 2014.
FALCÃO, José Luiz Cirqueira. O jogo da capoeira em jogo e a construção da práxis capoeirana. Tese de Doutor em Educação. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2004.
FONSECA, Vivian; VIEIRA, Luiz Renato. Construction d'un dialogue: la capoeira et les relations avec l'État brésilien en débat. Cultures-Kairós. (On Line) Capoeiras ? Objets sujets de la contemporanéité, Théma, Mis à jour le 2012.
GRANADA, Daniel. Práticas em movimento: a pesquisa de campo no caso da capoeira fora do Brasil. Revista Sociedade e Cultura Vol.22 nº1 jan/jun. Goiânia: UFG, 2019.
HARDIE, Mark. Tangible Connections in Capoeira: A conscious Attempt to build the visual atmosphere of South African Capoeira. Durban: DUT, 2012.
KAMBON, Ọbádélé. Afrikan=Black Combat Forms Hidden in Plain Sight: Engolo/Capoeira, Knocking-and-Kicking and Asafo Flag Dancing. Africology: The Journal of Pan African Studies, vol.12, no.4, Accra: October 2018.
LUNA, Erick Serna. Os jogos políticos da capoeira: Análisis de la política cultural nacional e internacional sobre la Capoeira. Capoeira Revista de Humanidades e Letras.Vol.4 Nº2. São Francisco do Conde: UNILAB, 2018.
MALOMALO, Bas´Ilele. Estudos africana ou novos estudos africanos: Um campo em processo de consolidação desde a diáspora africana no Brasil. Capoeira Revista de Humanidades e Letras Vol.3 Nº. 2. São Francisco do Conde: UNILAB, 2017.
MATA, João da. A liberdade do Corpo: Soma, capoeira angola e anarquismo. Rio de Janeiro: Coletivo Anarquista Brancaleone/ São Paulo: Editora Imaginário, 2001.
MBEMBE, Achille. As Formas Africanas de Auto-Inscrição. Estudos Afro-Asiáticos, Ano 23, nº 1. Salvador: CEAO-UFBA, 2001
______. Brutalisme. Paris: La Decóurvete, 2020.
MOURA, Jair. A Capoeiragem no Rio de Janeiro através dos Séculos. Salvador: JM Gráfica e Editora Ltda, 2009.
OBI, Maduka T. J. Desch. Angola e o Jogo de Capoeira. Antropolítica nº 24 sem. 1 Niterói: Uff, 2008
PASTINHA, Vicente Ferreira. Capoeira Angola por Mestre Pastinha. Salvador: Ed. do autor. 1964.
PEÇANHA, Cinésio Feliciano. Capoeira Angola: Ginga e Ancestralidade. Salvador: Barro do Chão, 2019.
REGO, Waldeloir do. Capoeira Angola: Ensaio Sócio-Etnográfico. Rio de Janeiro: Gráfica Lux, 1968.
ROBITAILLE, Laurence. Promoting Capoeira, Branding Brazil: A Focus on the Semantic Body. Black Music Research Journal. Vol. 34, No. 2.Chicago, 2014.
RUFINO, Luiz; PEÇANHA, Cinézio Feliciano; OLIVEIRA, Eduardo. Pensamento diaspórico e o “ser” em ginga: deslocamentos para uma filosofia da capoeira. Capoeira Revista de Humanidades e Letras Vol.4 Nº. 2. São Francisco do Conde: UNILAB, 2018.
SANTOS, Jaime Martins dos. Capoeira Angola: histórias e recordações da vivência de Mestre Curió. Salvador: Fast Design, 2010.
SANTOS, Jorge Egídio dos. Jogo de Angola: vida e obra. Salvador: Ed. do Autor, 2010.
SANTOS, Tiganá Santana Neves. A cosmologia africana dos bantu-kongo por Bunseki Fu-Kiau: tradução negra, reflexões e diálogos a partir do Brasil. Tese de Doutorado em Letras (Estudos da Tradução). São Paulo: USP, 2019.
TAVARES, JuIio Cesar de Souza. Colonialidade do poder, cooperação internacional e racismo cognitivo: desafios ao desenvolvimento internacional compartilhado. In D'ADESKY, Jacques;SOUZA, Marcos Teixeira de (Orgs). Afro-Brasil Debates & Pensamentos. Rio de Janeiro: Cassara, 2015.
VERGOTINE, Benito. 'An old martial art returns to its African roots'. The Times, 10 Jan. 2011.
Publicado
2022-05-17