CORPO SIMBÓLICO, VIDAS MATÁVEIS: UM RELATO SOBRE O SEPULTAMENTO DE UMA FAMÍLIA DE INVISÍVEIS
Abstract
Este artigo tem como objetivo discutir criticamente acerca de famílias que se estruturam nos moldes do contexto de rua a partir de uma prática de estágio em Psicologia Social Comunitária. Esta vivência desenvolveu-se em um programa do Governo do Estado da Bahia, cujo público alvo é a população em situação de rua, no período entre fevereiro/2019 a julho/2019. Os dados foram coletados por meio de duas técnicas: observação participante e diário de campo. O estudo caracterizou-se por ser qualitativo e exploratório, o qual teve como método o Relato de Experiência. A partir da análise dos resultados, concluiu-se que há necessidade de melhoria e reestruturação das políticas públicas de assistência a esta população, a fim de garantir os direitos de civilidade frequentemente negados. O estudo favorece a reflexão acerca do posicionamento ético-estético-político da categoria profissional psicológica diante do oferecimento de práticas e serviços para a população em situação de rua.
References
AMAZONAS, Maria Cristina Lopes de Almeida et al. Arranjos familiares de crianças das camadas populares. Psicologia em estudo, v. 8, n. SPE, p. 11-20, 2003.
ANDRADE, Luana Padilha; COSTA, Samira Lima da; MARQUETTI, Fernanda Cristina. A rua tem um ímã, acho que é a liberdade: potência, sofrimento e estratégias de vida entre moradores de rua na cidade de Santos, no litoral do Estado de São Paulo. Saúde e Sociedade, v. 23, n. 4, p. 1248-1261, 2014.
BIDOU-ZACHARIASEN, Catherine et al. De volta à cidade. Dos processos de gentrificação às políticas de “revitalização” dos centros urbanos. 2007.
BOARINI, Maria Lúcia. Refletindo sobre a nova e velha família. Psicologia em estudo, v. 8, n. SPE, p. 1-2, 2003.
BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista brasileira de educação, n. 19, p. 20-28, 2002.
BRASIL. Saúde da população em situação de rua: um direito humano. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
DALTRO, Mônica Ramos; DE FARIA, Anna Amélia. Relato de experiência: Uma narrativa científica na pós-modernidade. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 19, n. 1, p. 223-237, 2019.
DE ANTONI, Clarissa; KOLLER, Sílvia Helena. A visão de família entre as adolescentes que sofreram violência intrafamiliar. Estudos de Psicologia (Natal), v. 5, n. 2, p. 347-381, 2000.
DE SOUZA, Cintia Amélia et al. VOZES DA RUA: um relato de experiência com moradores de rua.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. SciELO-EDUFBA, 2008.
FINKLER, Lirene; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. Famílias com filhos em situação de rua: percepções sobre a intervenção de um programa social. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, v. 7, n. 1, p. 53-66, 2014.
FRANGELLA, Simone Miziara et al. Corpos urbanos errantes: uma etnografia da corporalidade de moradores de uma rua em São Paulo. 2004.
FUNES, Silvia Maria Morales. Regularização fundiária na cidade de Piracicaba-SP: ações e conflitos. 2005.
GOMES, Mônica Araújo; PEREIRA, Maria Lúcia Duarte. Família em situação de vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 10, p. 357-363, 2005.
MARTÍN-BARÓ, Ignácio. O papel do psicólogo. Estudos de psicologia, v. 2, n. 1, p. 7-27, 1996.
MIOTO, Regina Célia Tamaso. Família e políticas sociais. Política social no capitalismo: tendências contemporâneas, v. 2, p. 130-148, 2008.
MOREIRA, Fernanda G.; NIEL, Marcelo; DA SILVEIRA, Dartiu Xavier (Ed.). Drogas, família e adolescência. Atheneu, 2009.
NATALINO, Marco Antonio Carvalho. Estimativa da população em situação de rua no Brasil. Texto para discussão, 2016.
PALUDO, Simone dos Santos; KOLLER, Silvia Helena. Toda criança tem família: criança em situação de rua também. Psicologia & Sociedade, v. 20, n. 1, p. 42-52, 2008.
PASSOS, Eduardo Henrique; SOUZA, Tadeu Paula. Redução de danos e saúde pública: construções alternativas à política global de" guerra às drogas". Psicologia & Sociedade, v. 23, n. 1, p. 154-162, 2011.
RANGEL, Natália Fonseca de Abreu. O esvaziamento do conceito de gentrificação como estratégia política. Cadernos Naui, Florianópolis, v. 4, n. 7, p. 39-57, 2015.
ROSA, Anderson da Silva; BRÊTAS, Ana Cristina Passarella. A violência na vida de mulheres em situação de rua na cidade de São Paulo, Brasil. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 19, p. 275-285, 2015.
ROSENSTOCK, Karelline Izaltemberg Vasconcelos; NEVES, Maria José das. Papel do enfermeiro da atenção básica de saúde na abordagem ao dependente de drogas em João Pessoa, PB, Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 63, n. 4, p. 581-586, 2010.
ROSSI, Laura Barbosa. A violência policial como infração a dignidade das pessoas em situação de rua. Unisanta Law and Social Science, v. 4, n. 1, p. 49-65, 2015.
SARTI, Cynthia A. O valor da família para os pobres. Família em processos contemporâneos: inovações culturais na sociedade brasileira, v. 10, p. 131, 1995.
SCAPPATICCI, A. L. S. S.; SL, Blay. Mães adolescentes em situação de rua: uma revisão sistemática da literatura. Revista de psiquiatria do Rio Grande do Sul, v. 32, n. 1, p. 3-15, 2010.
Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, & Centro de Referência Integral de Adolescentes. Corra pro abraço: o encontro para o cuidado na rua. Salvador, 2016.
SILVA FILHO, D. S. Feios, sujos e malvados–os “sem-teto” e o mundo do trabalho na Rua. Cadernos de Sociologia e Política, v. 5, p. 129-151, 2002.
SMITH, Neil. A gentrificação generalizada: de uma anomalia local à “regeneração” urbana como estratégia urbana global. De volta à cidade: dos processos de gentrificação às políticas de “revitalização” dos centros urbanos. São Paulo: Annablume, p. 59-87, 2006.
SNOW, David A.; ANDERSON, Leon; VASCONCELOS, Sandra Guardini Teixeira. Desafortunados: um estudo sobre o povo da rua. Vozes, 1998.
VARANDA, Walter; ADORNO, Rubens de Camargo Ferreira. Descartáveis urbanos: discutindo a complexidade da população de rua e o desafio para políticas de saúde. Saúde e sociedade, v. 13, p. 56-69, 2004.
Copyright Notice
The submission of originals to this periodic implies in transference, by the authors, of the printed and digital copyrights/publishing rights. The copyrights for the published papers belong to the author, and the periodical owns the rights on its first publication. The authors will only be able to use the same results in other publications by a clear indication of this periodical as the one of its original publication. Due to our open access policy, it is allowed the free use of papers in the educational, scientific and non-commercial application, since the source is quoted (please, check the Creative Commons License on the footer area of this page).