MARIERRÊ: SÍMBOLO DA RESISTÊNCIA E DA AFIRMAÇÃO DO SER NEGRO NA AMAZÔNIA
Abstract
O objetivo da pesquisa é analisar como o negro reagiu à sua desterritorialização às imposições do sistema colonial e às ideologias racistas que tentaram destitui-lo da condição de ser humano, ao ponto de se reconstruir com inteligência, religiosidade e poesia, a partir do rito cultural/religioso afro-brasileiro: Marierrê. O caminho metodológico percorrido foi o da etnografia, no bojo do qual fomos vislumbrar, ouvir, sentir – no rito, no canto, na dança, no tocar dos instrumentos – o acontecer das poéticas quilombolas, como elas produzem afirmação de novos homens e mulheres negras e de que maneira o Marierrê reflete o empoderamento desses sujeitos da comunidade negra carapajoense, em termos de inteligência, coragem e importância para a história de resistência social, cultural e religiosa afro-brasileira na Amazônia. Constatou-se que o Marierrê produz uma poética que subverte ideologias racistas, ritos religiosos cristãos e concepções sobre o ser negro, numa estratégia de resistência e afirmação na qual inteligência e poesia são símbolos centrais.
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