DISPOSITIVOS COLONIAIS NA AMAZÔNIA ORIENTAL BRASILEIRA: BIOPOLÍTICA E CONTROLE DOS CORPOS

Palavras-chave: Discurso. Biopolítica. Controle dos Corpos.

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar discursos produzidos em esferas institucionais da área de Saúde no Sul e Sudeste do Estado do Pará – Brasil, com o propósito de compreender como se configuram os processos de subjetivação dos povos indígenas, no domínio de práticas discursivas da saúde mental. Para desenvolver nossas reflexões, mobilizamos o estudo da produção de subjetividades a partir dos os conceitos formulados por Michel Foucault, sobretudo em sua fase de investigação denominada de arquigenealógica. Nesse sentido, os conceitos de biopolítica, biopoder e verdade são mobilizados em nossas análises para apreendermos o funcionamento dos discursos institucionais sobre a saúde dos povos indígenas situados na Amazônia Oriental Brasileira. O corpus é formado por entrevistas realizadas com funcionários de instituições de saúde voltadas para os povos indígenas, nesta região. Nossas análises enfatizam como as práticas discursivas sobre os indígenas produzem efeitos de verdade, no domínio de uma biopolítica de controle dos corpos, traduzindo-se em processos colonizadores e imposição de discursos por meio de “dispositivos coloniais”.

Biografia do Autor

Edna Carolina Mayorga Sánchez, UFRJ

Mestrado em Dinâmicas Territoriais e Sociedade da Amazônia (UNIFESSPA) e Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social no Museu Nacional (UFRJ).

Nilsa Brito Ribeiro, UNIFESSPA

Doutora em Linguística pela UNICAMP. Professora Adjunto IV do Instituto de Linguística, Letras e Artes (UNIFESSPA), do Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia (UNIFESSPA) e do Programa de Pós-Graduação em Letras (UNIFESSPA).

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Publicado
2020-09-14
Seção
Artigos