ENTRE ENVELHECIMENTOS E MULHERES: O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO COMO EXPERIÊNCIA LIMITE DA E NA LINGUAGEM

Palavras-chave: Acompanhamento Terapêutico. Mulheres. Envelhecimento. Linguagem. Transversalidade.

Resumo

No acompanhamento terapêutico de mulheres em envelhecimento, temos experimentado uma certa pragmática da linguagem, entendida aqui não como representação de uma realidade dada, mas como potência de criação de si e de mundos. Perscrutando o poder de ação da linguagem, experimentamos também uma variação, uma abertura comunicacional, uma rede de enunciação da qual emerge um corpo e uma língua singulares, um si e um mundo que pode ser compartilhado. Assim, o artigo descreve experiências de acompanhamento terapêutico na direção de fazê-las durar, tomando-as como experimentações-limite da e na linguagem, na busca por constituir um território, uma temporalidade, uma comunicação singular e em singularização. Um plano de transversalidade e de composição, que esboça ao mesmo tempo em que gera, modos de subjetivação.

Biografia do Autor

Adriana Lima Monteiro, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Mestre em Psicologia (Universidade Federal de Sergipe). Acompanhante Terapêutica, Aracaju, Sergipe, Brasil.

Michele de Freitas Faria de Vasconcelos, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Pós-doutoranda em Psicologia Institucional (PPGPSI/UFRGS). Atualmente é professora do Departamento de Psicologia e dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia e em Educação da Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão, Sergipe, Brasil.

Gislei Domingas Romanzini Lazzarotto, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Pós-doutora em Psicologia (PPGPSI/UFS). Professora Aposentada do Instituto de Psicologia da UFRGS. Encontra-se na continuidade de seu pós-doutorado junto ao Projeto de Fortalecimento Sociopolítico das Marisqueiras de Sergipe (Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras da Universidade Federal de Sergipe.  Bolsista FAPESE.

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Publicado
2024-12-02