PEDAGOGIA PRETA: LEITURAS DE ESPERANÇA
Resumo
Este artigo se propõe a investigar os fundamentos da educação a partir do diálogo entre três conceitos: pedagogia, educação preta e ecologia humana. É, metodologicamente, uma pesquisa qualitativa e de revisão bibliográfica. Problematiza-se a pedagogia do evento, o lugar da lei 10.639/03, as discussões sobre racismo e a educação ecopreta como elemento integrador no oikos da comunidade escolar. O objetivo é refletir sobre a educação para a igualdade e equidade na diversidade brasileira. Em primeiro lugar, destaca-se o termo conceito pedagogia no sentido de educação e formação humana plural brasileira a partir do Ordenamento Jurídico (BRASIL 1988; 1996; 2018), e de Paulo Freire (1987), Carlos Rodrigues Brandão (2007) e Edgard Morin (2000; 2005). Em segundo lugar, por educação preta pensa-se o lugar, e a vez, do devido espaço em que os pretos ocupam na sociedade, a partir de Djamila Ribeiro (2019), Kiusam Oliveira (2019; 2020), Silvio de Almeida (2018) e Zilá Bernd (1988), em correlação à ecologia humana destacada no lugar do humano preto no ecossistema escolar do oikos comum, a Terra, a partir de Leonardo Boff (2012); Félix Guattari (2001); Juracy Marques (2017). Por fim, dialogando com Yuval Noah Harari (2018) e Saviani (1999), percebe-se, logo, o caráter eco-disciplinar da educação preta para o século XXI, sobre as relações entre pedagogia, educação preta e ecologia humana. Dessa forma, faz-se o caminho para pensar a prática pedagógica integradora ante à educação preta, na consciência escolar de que pretos e pretas ocupem o lugar devido no oikos ordinário da vida humana e na educação integradora brasileira para uma formação humana de qualidade para o futuro.
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