O DELÍRIO E O POEMA NA PSICANÁLISE

Palavras-chave: Psicanálise. Psicose. Delírio. Poema. Significante.

Resumo

Este trabalho propõe retomar formulações de Freud e Lacan sobre a psicose, o delírio como tentativa de cura e a função do significante na estruturação do sujeito, assim como adentrar nas considerações de Octavio Paz sobre a operação de criação poética. O interesse é investigar as relações entre o delírio (a realização do verbo) e o poema (o delírio do verbo), de modo a explorar suas estruturas e diferentes formas de subversão das normas e convenções da língua e, assim, entrever possibilidades clínicas e implicações éticas. Entende-se o delírio não como poema propriamente, mas como uma expressão poética, expressão do dinamismo da língua, de modo que sua construção sinaliza um empenho de reconstituição diante do surgimento de alucinações. A posição do analista envolve não descartar sua produção, mas favorecer a construção de narrativas em favor da compensação dos efeitos da foraclusão do significante Nome-do-Pai e do advir do sujeito.

Biografia do Autor

Ana Giulia de Araújo Conte, Universidade de Brasília (UnB)

Psicanalista. Doutoranda e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília (PPGPsiCC/UnB). Especialista em Teoria Psicanalítica pela Faculdade Inspirar. Graduada em Psicologia pela Universidade de Brasília.

Márcia Cristina Maesso, Universidade de Brasília (UnB)

Psicanalista, Profa. do Departamento de Psicologia Clínica IP/UnB e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília (PPGPsiCC/UnB). Membro do GT da ANPEPP: Psicanálise, Política e Clínica. Membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano - EPFCL-Brasil e Fórum Brasília. Mestre e Doutora em Psicologia Clínica - USP.

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Publicado
2023-08-11