INOVAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA BRASILEIRO PARA O COMBATE À CORRUPÇÃO

Palavras-chave: Inovação. Organizacional. Justiça. Brasil. Combate à Corrupção.

Resumo

Não há congruência científica sobre como inovações produzem resultados exitosos no combate à corrupção e quais capacidades são relevantes. O objetivo foi sistematizar como capacidades dinâmicas determinaram inovações organizacionais no sistema de justiça brasileiro para combate à corrupção. A pesquisa se desenvolveu em etapas: analisaram-se 131 práticas de aperfeiçoamento da justiça brasileira do Prêmio Innovare; e foi estudado o caso da Força-Tarefa Lava Jato, envolvendo a análise documental e 18 entrevistas. Os resultados cobrem alguns eixos de lacunas teóricas: inovações organizacionais de combate à corrupção são determinadas pelas capacidades dinâmicas de identificação, mobilização e transformação; foi evidenciada de forma inédita a capacidade de escalabilidade; e foram mais relevantes os recursos humanos, tecnológicos e relacionais. O modelo proposto é pioneiro no Brasil. Oferece rica possibilidade para instituições que integram o sistema de justiça, direcionando recursos e capacidades para geração de inovações no ambiente organizacional, com finalidade de promover combate à corrupção.

Biografia do Autor

Isabelle de Baptista, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Doutora em Administração. Mestre em Direito. Graduação em História e Direito. Professor titular da Universidade Federal de Mato Grosso. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito, atuando principalmente nos seguintes temas: direitos fundamentais, administração pública, tribunal de contas, advogado e princípio da supremacia do interesse público; bem como em inovação no setor público.

Priscila Rezende da Costa, Universidade Nove de Julho (UNINOVE)

Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo (FEA USP). Mestre em Administração pela Universidade de São Paulo (FEA RP USP). Graduada em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Professora titular da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), no Programa de Pós-graduação em Administração (PPGA). Tem experiência na área de Administração, atuando principalmen- te nos seguintes temas: cooperação empresa-universidade, capacidades dinâmicas, capacidade relacional, capacidade absortiva e internacionalização da inovação. 

Claudia Brito Silva Cirani, Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Nove de Julho

Doutora em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz / Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa. Graduação em Economia pela Universidade Estadula de Londrina. Professora títular do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Nove de Julho (PPGA/UNINOVE). Tem experiência na área de Gestão, com ênfase em Inovação Tecnológica, atuando principalmente com gestão tecnológica e inovação, inovação social, política de apoio à inovação, e inovação para sustentabilidade.

Referências

ABREU, Arlete Aparecida; ANTONIALLI, Luiz Marcelo. Aplicação da teoria RBV ao setor de serviços de saúde: uma revisão sistemática. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, v. 10, n. 1, p. 140–168, 2017. Disponível em: . Acesso em: 21 fev. 2022.

ANDREEVA, Tatiana; CHAYKA, Victoria. Dynamic capabilities: what they need to be dynamic? Graduate School of Management, St. Petersburg State University [online]. 2006. Disponível em: . Acesso em: 03 ago. 2020.

ANDREWS, Rhys; BEYNON, Malcolm; MCDERMOTT, Aoife. Organizational capability in the public sector: a configurational approach. Journal of Public Administration Research and Theory, v. 26, n. 2, p. 239-258, 2016.

ARAGÃO, Lindenberg; FORTE, Sérgio Henrique; OLIVEIRA, Oderlene. Visão baseada em recursos e capacidades dinâmicas no contexto brasileiro: produção e evolução acadêmica em dez anos de contribuições. Revista Eletrônica de Administração, v. 16, n. 2, p. 373-396, 2010. Disponível em: . Acesso em: 21 fev. 2022.

ARMBRUSTER, Heidy; BIKFALVI, Andrea; KINKEL, Steffen; LAY, Gunter. Organizational innovation: the challenge of measuring non-technical innovation in large-scale surveys. Technovation, v. 28, n. 10, p. 644-657, 2008.

AVRITZER, Leonardo; FILGUEIRA, Fernando. Corrupção e controles democráticos no Brasil. Textos para Discussão – CEPAL/IPEA [online]. 2011, n. 32, p. 40. Disponível em: . Acesso em: 9 fev. 2021.

BAPTISTA, Isabelle. O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado: uma análise à luz dos direitos fundamentais e do estado democrático de direito. Revista TCEMG [online], p. 1-17, jan./fev./mar. 2013. Disponível em: . Acesso em: 10 de fev. 2021.

BATTISTI, Giuliana.; STONEMAN, Paul. How innovative are UK firms? evidence from the fourth UK community innovation survey on synergies between technological and organizational innovations. British Journal of Management, v. 21, p. 187–206, 2010.

BIRKINSHAW, Julian; HAMEL, Gary; MOL, Michael. Management innovation. Academy of Management Review, v. 33, n. 4, p. 825-845, 2008.

BRUSONI, Stefano; VACCARO, Antonio. Ethics, technology and organizational innovation. Journal of Business Ethics, v. 143, n. 2, p. 223–226, 2017.

BRYSON, John; ACKERMANN, Fran; EDEN, Colin. Putting the resource-based view of strategy and distinctive competencies to work in public organizations. Public Administration Review, v. 67, n. 4, p. 702–717, 2007.

CAMARGO, Brigido; JUSTO, Ana Maria. IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia [online], v. 21, n. 2, p. 513-518, 2013. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2013000200016>. Acesso em: 21 fev. 2022.

CRESWELL, John. Research design: qualitative, quantitative, and mixed methods approaches. London: Sage Publications, 2014.

DAMANPOUR, Fariborz; ARAVIND, Deepa. Managerial innovation: conceptions, processes, and antecedents. Management and Organization Review, v. 8, n. 2, p. 423–454, 2012.

DAMANPOUR, Fariborz. Organizational innovation: a meta-analysis of effects of feterminants and moderators. Academy of Management Journal, v. 34, n. 3, p. 555–590, 1991.

DOSI, Giovanni; FAILLO, Marco; MARENGO, Luigi. Organizational capabilities, patterns of knowledge accumulation and governance structures in business firms: an introduction. Organization Studies, v. 29, n. 8–9, p. 1165–1185, 2008.

EISENHARDT, Kathleen; MARTIN, Jeffrey. Dynamic capabilities: what are they? Strategic Management Journal, v. 21, n. 10–11, p. 1105–1121, 2000.

EVANGELISTA, Rinaldo; VEZZANI, Antonio. The economic impact of technological and organizational innovations: a firm-level analysis. Research Policy, v. 39, n. 10, p. 1253–1263, 2010.

FILGUEIRAS, Fernando; ARANHA, Ana Luiza. Controle da corrupção e burocracia da linha de frente: regras, discricionariedade e reformas no Brasil. DADOS – Revista de Ciências Sociais, v. 54, n. 2, p. 349–387, 2011.

GERRING, John. What is a case study and what is it good for? American Political Science Review, v. 98, n. 2, p. 341–354, 2004.

GORDON, Judith. A diagnostic approach to organizational behavior. Massachusetts: Allyn and Bacon, 1993.

HECKER, Achim; GANTER, Alois. The influence of product market competition on technological and management innovation: firm-level evidence from a large-scale survey: the influence of product market competition on technological and management innovation. European Management Review, v. 10, n. 1, p. 17–33, 2013.

HELFAT, Constance; FINKELSTEIN, Sydney; MITCHELL, Will; PETERAF, Margaret; SINGH, Harbir; TEECE, David; WINTER, Sidney. Dynamic capabilities: understanding strategic change in organizations. New Jersey: John Wiley & Sons, 2007.

HELFAT, C. E; PETERAF, M. A. The dynamic resource-based view: capability lifecycles. Strategic Management Journal, v. 24, n. 10, p. 997–1010, 2003.

HUNTINGTON, Samuel. A ordem política nas sociedades em mudança. São Paulo: Forense Universitária, 1975.

KAY, John. Fundamentos do sucesso empresarial: como as estratégias de negócios agregam valor. São Paulo: Campus, 1996.

KRETZER, Jucélio; MENEZES, Emílio. A importância da visão baseada em recursos na explicação da vantagem competitiva. Revista de Economia Mackenzie, v. 4, n. 4, 2006.

LEE, Raymond; ESTERHUIZEN, Lea. Computer software and qualitative analysis: trends, issues and resources. International Journal of Social Research Methodology, v. 3, p. 231–243, 2010.

LIM, Seunghoo; WANG, Tae; LEE, Soo-Young. Shedding new light on strategic human resource management: the impact of human resource management practices and human resources on the perception of federal agency mission accomplishment. Public Personnel Management, v. 46, n. 2, p. 91–117, 2017.

MASSUKADO, Márcia; TEIXEIRA, Rivanda. A visão baseada em recursos na gestão pública do turismo: o caso de Curitiba – PR. Revista Turismo em Análise, v. 19, n. 2, p. 255–271, 2008.

MAZIERI, Marcos Rogério. Patentes e inovação frugal em uma perspectiva contributiva. 371 p. Tese de Doutorado. Tese (Doutorado em Administração) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2016.

MCKELVIE, Alexander; DAVIDSSON, Per. From resource base to dynamic capabilities: an investigation of new firms. British Journal of Management, v. 20, n. s1, p. S63-S80, 2009.

MEIRELLES, Dimária; CAMARGO, Álvaro Antônio. Capacidades dinâmicas: o que são e como identificá-las? RAC - Revista de Administração Contemporânea, v. 18, n. spe, p. 41–64, 2014.

MEN, Linjuan Rita. Revisiting the continuum of types of organization-public relationships: from a resource-based view. Public Relations Journal, v. 6, n. 1, p. 1-19, 2012.

NI, Lan. Exploring the value of public relations in strategy implementation: employee relations in the globalization process. 2006. ProQuest Dissertations Publishing, University of Maryland, College Park, 2006.

OECD. Oslo manual: proposed guidelines for collecting and interpreting technological innovation data. 2nd edition. Luxembourg: Eurostat, 2005.

PENROSE, Edith. The theory of the growth of the firm. Oxford University Press, 1995.

PEREIRA, José. Reforma do estado e controle da corrupção no Brasil. REGE - Revista de Gestão, v. 12, n. 2, p. 1–17, 2005.

PIENING, Erk. Dynamic capabilities in public organizations. Public Management Review, v. 15, n. 2, p. 209–245, 2013.

PRAHALAD, Coimbatore Krishnarao; HAMEL, Gary. The core competence of the corporation. Harvard Business Review, May–June, 1990.

SACCOL, Amarolinda. Um retorno ao básico: compreendendo os paradigmas de pesquisa e sua aplicação na pesquisa em administração. Revista de Administração da UFSM, v. 2, n. 2, p. 250–269, 2009.

SALVIATI, Maria Elisabeth. Manual do aplicativo Iramuteq: versão 0.7 alpha 2 e R versão 3.2.3. [online]. Planaltina, DF, p. 1-93, 2017. Disponível em: . Acesso em: 03 ago. 2020.

SAPPRASERT, Koson; CLAUSEN, Tommy. Organizational innovation and its effects. Industrial and Corporate Change, v. 21, n. 5, p. 1283–1305, 2012.

SCHUMPETER, Joseph. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997. [1911].

SZYMANIEC-MLICKA, Karolina. Resource-based view in strategic management of public organizations: a review of the literature. Management, v. 18, n. 2, p. 19–30, 2014.

TEECE, David. Explicating dynamic capabilities: the nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, v. 28, n. 13, p. 1319–1350, 2007.

TEECE, David; PISANO, Gary; SHUEN, Amy. Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, v. 18, n. 7, p. 509–533, 1997.

TETHER, Bruce; TAJAR, Abdelouahid. The organisational-cooperation mode of innovation and its prominence amongst European service firms. Research Policy, v. 37, n. 4, p. 720–739, 2008.

TONDOLO, Vilmar Antonio; BITENCOURT, Cláudia Cristina. Compreendendo as capacidades dinâmicas a partir de seus antecedentes, processos e resultados. Brazilian Business Review, v. 11, n. 5, p. 124-147, 2014.

UNODC – Escritório das Nações Unidades sobre Drogas e Crimes. Corrupção e Desenvolvimento. UNODC [online]. 2013. Disponível em: . Acesso em: 9 de fev. 2021.

VOLBERDA, Henk; VAN DEN BOSCH, Frans; MIHALACHE, Oli. Advancing management innovation: synthesizing processes, levels of analysis, and change agents. Organization Studies, v. 35, n. 9, p. 124–1264, 2014.

WANG, Catherine; AHMED, Pervaiz. Dynamic capabilities: a review and research agenda. International Journal of Management Reviews, v. 9, n. 1, p. 31–51, 2007.

WINTER, Sidney. Understanding dynamic capabilities. Strategic Management Journal, v. 24, n. 10, p. 991–995, 2003.

WIRTZ, Bernd; MORY, Linda; PIEHLER, Robert; DAISER, Peter. E-government: a citizen relationship marketing analysis (IRPN-D-16-00005). International Review on Public and Nonprofit Marketing, v. 14, n. 2, p. 149–178, 2017.

ZOLLO, Maurizio; WINTER, Sidney. Deliberate learning and the evolution of dynamic capabilities. Organization Science, v. 13, n. 3, p. 339–351, 2002.

ZOTT, Christoph. Dynamic capabilities and the emergence of intraindustry differential firm performance: insights from a simulation study. Strategic Management Journal, v. 24, n. 2, p. 97–125, 2003.
Publicado
2022-12-01