INTERCULTURALIDADE CRÍTICA E EDUCAÇÃO INFANTIL: MOVIMENTOS DE DESVELAR SILÊNCIOS EPISTÊMICOS

Palavras-chave: Interculturalidade Crítica. Criança. Educação Infantil. Silêncios Epistêmicos.

Resumo

Estar na sala de aula é entender que o papel das/os professoras/es está muito além do ensino-aprendizagem de algum conteúdo. A ação docente deve sempre estar pautada em uma relação política, crítica, reflexiva e ética de discutir e problematizar as relações de classe social, etnia/raça, gênero, sexualidade, deficiência, entre outras presentes na estrutura do país. Para tanto, neste artigo, problematizamos um evento crítico ocorrido em um contexto escolar de Educação Infantil no ano de 2018. Trata-se de uma atividade que deveria promover vivências sobre africanidades e cultura afro-brasileira que acabou por proporcionar um violento processo de silenciamentos epistêmicos. Assim, buscamos evidenciar quatro movimentos de desvelar silêncios epistêmicos (ROSA-DA-SILVA, 2021) relativos a: negritude; diversidade religiosa; eu, o outro e nós; e pedagogia intercultural. Com isso, defendemos a importância do debate intercultural crítico nos mais diversos espaços formativos, em especial na Educação Infantil, como uma proposta interventiva de luta contra violências e opressões que muitas vezes estão presentes nesses espaços.

Biografia do Autor

Murilo Rocha Ferreira, Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Mestrando em Educação, Escola e Tecnologias pelo Programa Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias da Universidade Estadual de Goiás. Graduado em Licenciatura em Pedagogia, pelas Faculdades Integradas de Ariquemes. Docente no Atendimento Educacional Especializado no município de Senador Canedo, Goiás. 

Wilker Ramos-Soares, Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Mestrando em Linguagem e Práticas Sociais pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias da Universidade Estadual de Goiás, graduado em Licenciatura em Letras Português/Inglês pela mesma instituição. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG). 

Viviane Pires Viana Silvestre , Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Doutora em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás, com estágio de pós-doutoramento pelo mesmo programa. Docente no curso de Letras e no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias da Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, Goiás, Brasil. 

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Publicado
2022-09-13