RELAÇÕES DE PODER NA PESQUISA DE CAMPO SOCIODIALETAL: ALGUMAS REFLEXÕES NECESSÁRIAS

Palavras-chave: Pesquisa Sociodialetal. Relações de Poder. Paradoxo do Observador.

Resumo

Muitas são as discussões que giram em torno de questões que envolvem a principal etapa do trabalho dos dialetólogos e sociolinguístas: a coleta de dados in loco e a interação face-a-face com o informante, assim como a espontaneidade da elocução, tendo em vista a presença do inquiridor em uma situação de entrevista. É interesse deste trabalho apresentar uma breve contribuição teórica acerca da temática, ilustrada com exemplos extraídos da coleta de dados para o Atlas Linguístico Topodinâmico e Topoestático do Tocantins para, assim, propormos algumas diretrizes para os futuros pesquisadores de campo, na perspectiva de minimizar o que se intitula em pesquisas sociodialetais de “paradoxo do observador”.

 

Biografia do Autor

Greize Alves da Silva, Universidade Federal do Tocantins (UFT)

Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina. Atualmente é professora do curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLetras), da Universidade Federal do Tocantins, campus de Porto Nacional. 

Patrícia Andréa Borges, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Doutoranda em Linguística pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (IEL-Unicamp). Mestre em Linguística pela mesma instituição, com ênfase em Linguística Histórica. Graduada em Português e Grego Antigo pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). 

Referências

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado. Rio de Janeiro: Graal, 1992,128 p.

ALTHUSSER, Louis. Posições 1. Rio de Janeiro: Graal, 1978.

BOTASSINI, Jacqueline Ortelan Maia. Crenças e atitudes linguísticas: um estudo dos róticos em coda silábica no Norte do Paraná. 2013. 227 f. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013.

BRAIT, Beth. O processo interacional. In: PRETI, Dino (Org.). Análise de textos orais. 4. ed. São Paulo: Humanitas, 1999. p. 189-214.

BRANDÃO, Sílvia Figueiredo. A geografia linguística no Brasil. Série Princípios. São Paulo: Ática, 1991.

BROWN, P.; LEVINSON, S. Universals in Language Usage: Politeness Phenomena. In E. Goody (Ed.), Questions and Politeness: Strategies in Social Interaction. Cambridge: Cambridge University Press, 1978.

CÂMARA Jr., Joaquim Mattoso. História da Lingüística. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2006.

COMITÊ NACIONAL DO ATLAS LINGUÍSTICO DO BRASIL. Ata da XVII Reunião do Comitê Nacional do Projeto ALiB. São Luiz, 2004 (fotocopiada – circulação restrita).
FARACO, Carlos Alberto. Linguística histórica: uma introdução ao estudo da história
das línguas. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Organização e introdução de Roberto Machado. 13.ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998.

FOUCAULT, Michel. Poder e saber. In: Foucault, Michel. Estratégia, poder-saber. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. p. 223-240.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. História da violência nas prisões. Petrópolis, Vozes. Trad. Raquel Ramalhete, 1994.

GESSINGER, Humberto. Toda Forma de Poder. In: Longe Demais das Capitais. São Paulo: BMG: 1986. Faixa 1.

JABERG, Karl; JUD, Jakob. Der Sprachatlas als Forschungsinstrument, kritische Grundlegung und Einführung in den sprach- und Sachatlas Italiens und der Südschweiz. Halle/Saale: Niemeyer, 1928.

LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. Trad. BAGNO, M.; SCHERRE, M.; CARDOSO, C. 1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008 [1972].

LAMBERT, William W; LAMBERT, Wallace E. Psicologia social. Trad. Álvaro Cabral. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

MORALES, Humberto López. Sociolingüística. 3. ed. Madrid: Gredos, 2004.

POP, Sever. La Dialectologie: aperçu et méthodes d’enquêtes linguistiques. Louvain: Chez l'auteur, 1950.

SILVA, Greize Alves da; AGUILERA, Vanderci de Andrade. Os atlas linguísticos brasileiros e o inquiridor: em busca de uma metodologia adequada. SIGNUM: Estudos da Linguagem, v. 12, n. 1. Londrina, 2009, p. 317-341. Disponível em: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/4247/4607. Acesso em 27 jan. 2022.

SILVA, Greize Alves da; BORGES, Patrícia. Andréa. Presença vs ausência de traços de ruralidade no léxico tocantinense. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, [S. l.], n. 72, p. 83-105, 2019. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/157030. Acesso em: 2 ago. 2022.

TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. 5.ed. São Paulo: Ática, 1997
THUN, Harald. Variação na interação entre informante e entrevistador. Trad. Cléo V. Altenhofen; Filipe Neckel. In: Cadernos de Tradução, Porto Alegre, n.40, p. 82-107, jan/jun 2017. [2005] Disponível em: https://seer.ufrgs.br/cadernosdetraducao/article/view/87180/50001. Acesso em: 03 fev. 2022.
VASCONCELOS, C. A.; YIDA, V. ; GHOLMIE, M.R.S. . Estratégias para a Obtenção de Respostas nos Inquéritos do ALiB: a questão 054 (aftosa) nas capitais do Centro-Oeste e Sudeste. SIGNUM: Estudos da Linguagem, v. 21, p. 32-54, 2018.
VENY, Joan. Introducción a la Dialectologia catalana. Barcelona: Biblioteca Universitària, 1986.

WEINREICH, Weinreich; LABOV, William; HERZOG, Marvin. Empirical Foundations for Theory of Language Change. In: LEHMANN, Paul; MALKIEL, Yakov. (eds.) Directions for Historical Linguistics. Austin: University of Texas Press, 1968, p. 95-188.
Publicado
2023-01-31