UMA INVESTIGAÇÃO DA ‘LIRICIZAÇÃO’ NA OBRA A OBSCENA SENHORA D, DE HILDA HILST
Resumo
Hilda Hilst escreveu uma obra repleta de fragmentações e que transfigura as características da prosa romanesca. De difícil categorização, a trama de A Obscena Senhora D apresenta imagens poéticas que nos levam a revistar as características dos romances líricos. A obra hilstiana empreende a busca de Hillé pela compreensão. E assim, lança-nos às grandes questões que trespassam o mais abissal do Dasein em sua consciência mesma de seu estado de desamparo, posto um ser-lançado no mundo. Tais questões não podendo ser ditas pela palavra prosaica, ganham novos contornos pelo discurso poético. É por essas sendas que o presente artigo busca investigar a disrupção das categorias da narrativa na supracitada obra e o processo de 'liricização' do texto hilstiano, desnudando o enlace entre poesia e prosa. Assim, aludimos a Rosa Goulart, Luzia Tofalini, Heidegger e outros mais que possam somar ao trabalho.
Referências
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
______. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini, Jose Pereira Junior, Augusto Goes Junior, Helena Spryndis Nazário e Homero Freitas de Andrade. São Paulo: Unesp, 1998.
CARVALHO, Cláudio. A mulher no vão da escada. In: CUNHA, Helena P. Desafiando o cânone: aspectos da literatura de autoria feminina na prosa e poesia (anos 70/80). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1999, pp. 109-124.
CASSIRER, Ernst. Linguagem e mito. 2, ed. São Paulo, Perspectiva, 1985.
COELHO, Nelly Novaes. A literatura feminina no Brasil contemporâneo. São Paulo: Siciliano, 1993.
COLLOT, Michel. Poética e filosofia da Paisagem. Tradução: Ida Alves. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2013.
DINIZ, Cristiano (Org.). Fico besta quando me entendem: entrevistas com Hilda Hilst. São Paulo: Globo, 2013.
FREUD, Sigmund. (1930-1936): O mal-estar na civilização e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
GOULART, R. M. Romance lírico: o percurso de Vergílio Ferreira. Lisboa, Bertrand, 1990.
______. O trabalho da prosa: narrativa, ensaio, epistolografia. Braga/Coimbra: Angelus Novus, 1997.
GUIMARÃES, Cinara Leite. A obscena senhora D, de Hilda Hilst, e as relações entre eros, tânatos e logos. Dissertação (Mestrado em Literatura e cultura). João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba, 2007.
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Trad. Márcia de Sá Cavalcante. 2, ed. RJ: Editora Vozes, 1988, vol. 2.
HILST, Hilda. A obscena Senhora D. São Paulo: Globo, 2001.
ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução de Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34, 1999, vol.2.
LIMA, Humberto. Espaço e desamparo em A obscena Senhora D – uma reflexão interdisciplinar por meio da arquitetura e da psicanálise a partir da novela de Hilda Hilst. In: Revista Investigações, Pernambuco, UFPE, Vol. 31, nº 1, pp. 54-65, Junho/2018. Disponibilidade em:
LIMA, Luiz Costa. A questão dos gêneros. In: LIMA, Luiz Costa. Teoria da literatura em suas fontes.v.1. Seleção, introdução e revisão técnica, Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, pp. 253-294.
ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas: Editora Unicamp, 1997.
PÉCORA, Alcir. Cinco pistas para a prosa de ficção de Hilda Hilst. In: HILST, Hilda. Da prosa/Hilda Hilst. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, pp. 406-417.
ROSSONI, Igor. Zen e a Poética auto-reflexiva de Clarice Lispector: Uma literatura de vida e como vida. São Paulo: UNESP, 2002.
TOFALINI, Luzia A. Berloffa. Romance lírico: o processo de “liricização” do romance de Raul Brandão. Maringá: Eduem, 2013.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).
