A GUERRILHA DO ARAGUAIA NA MEMÓRIA DAS MULHERES DE XAMBIOÁ-TO: PRÁTICAS DE CUIDADO E RESISTÊNCIAS DO COTIDIANO
Resumo
Nesse artigo discutiremos como cinco mulheres, atualmente idosas, que viveram em Xambioá – TO durante a Guerrilha do Araguaia (1972-1975), reconstroem suas memórias (PORTELLI, 2014; POLLAK, 1989; THOMPSON, 1992) sobre esse processo e a partir delas costuram relatos dos acontecimentos e das opressões cotidianas sofridas à época. Esclarecemos que não é interesse dessa investigação destacar o protagonismo de militares ou de guerrilheiros, nossa proposta é problematizar como essas mulheres mobilizaram uma dada cultura do cuidado (LAFUENTE, 2020), instrumento de opressão do patriarcado (PATERMAN, 1993), transformando-a em mecanismo de resistência que culminasse com a proteção delas e de seus filhos. Como resultado dessa investigação, depreende-se que as mulheres entrevistadas constituíram, durante a guerrilha, um conjunto de estratégias, desde o território conhecido do cotidiano e da vida doméstica (FEDERICI, 2019; VERGE, 2020), pautado na desconfiança, na observação dos detalhes e no empenho por distanciar seus filhos, especialmente as meninas, da iminência de sofrerem qualquer violência.
Referências
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