SOBRE A AVENTURA DE NARRAR-SE OU, POR UMA (EST)ÉTICA DE SI: UMA PROPOSIÇÃO METODOLÓGICA PARA A PESQUISA EM ENSINO DE HISTÓRIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Palavras-chave: Metodologia de Pesquisa. Ensino de História. Relações-Raciais. Saberes Docentes. Narrativa.

Resumo

Este texto propõe uma metodologia para pesquisas em Ensino de História e Relações Étnico-Raciais a partir das narrativas de docentes. A hipótese é de que os diferentes saberes dos professores/as de História reconfiguram as possibilidades pedagógicas normatizadas desde a Lei nº 10.639/03 criando deslocamentos, ambiguidades, disputas e produzindo novos saberes-poderes sobre a história da África e da Cultura Afro-Brasileira na escola. Considerando que os saberes docentes são construídos a partir de múltiplas referências profissionais e culturais ao longo do tempo (TARDIF, 2002), é importante compreender como esses saberes são/foram erigidos e como os docentes os mobilizam cotidianamente em suas práticas de ensino. Para tanto, propõe-se uma abordagem pós-estruturalista na qual se articulam História, Educação e Linguagem, inspirando-se em autores como Foucault e Jorge Larrosa, para investigar a constituição histórica dos saberes docentes sobre temas como raça, relações étnico-raciais e cultura negra ao longo de suas histórias de vida.

Biografia do Autor

Gustavo Manoel da Silva Gomes, Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Doutor em Educação pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Professor Adjunto da
UFAL/Campus Sertão. Fundador e Diretor do Grupo de Cultura Negra do Sertão Abí Axé Egbé
(UFAL/Campus Sertão). Integrante do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão sobre Diversidade e
Educação do Sertão (NUDES/UFAL/Campus Sertão) e do Grupo de Estudos e Pesquisas em
História, Sociedade e Culturas (GEPHISC/UFAL/Campus Sertão). Professor Colaborador do
Mestrado Profissional em Ensino de História da Universidade Federal de Pernambuco
(Profhistória/UFPE). 

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Publicado
2022-05-12