“QUANDO VOCÊ SE OLHA NO ESPELHO, O QUE VOCÊ VÊ?”: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE QUILOMBOLA

Palavras-chave: Construção Identitária. Escola Municipal Araçá-Cariacá. Meninas. Quilombolas.

Resumo

A identidade é uma construção histórica e social que perpassa a interação do subjetivo com o meio social. Uma pessoa pode ter múltiplas identidades que se relacionam entre si e convergem. Em comunidades quilombolas, a construção da identidade feminina é singular, pois perpassa os efeitos do racismo, da globalização, do patriarcado, da cultura local e de um projeto subjetivo de futuro. O objetivo central desta pesquisa é investigar o processo de construção identitária das meninas quilombolas da Escola Municipal Araçá-Cariacá. Metodologicamente, foram desenvolvidas seis entrevistas semiestruturadas com estudantes do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental II. Constata-se que a construção das identidades das meninas perpassa pelas relações sociais que elas estabelecem com a comunidade em que residem. Conclui-se que, apesar dos processos violentos que as estudantes sofrem dentro e fora do espaço escolar proporcionados pelo racismo, elas se apropriam desses discursos para atribuir novos sentidos e promover a transformação.

Biografia do Autor

Micheli Oliveira Fraga dos Santos, Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB)

Mestranda em Ensino (pela UFOB). Especialista em Educação do Campo (pelo IF Baiano). Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia (pela UNEB). Atualmente é Pesquisadora Bolsista Mestrado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB).

Érico da Silva França , Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano)

Doutorando em Difusão do Conhecimento (pela UFBA). Mestre em Crítica Cultural (pela UNEB). Graduado em Licenciatura Plena em História (pela UNEB). Atualmente é professor Permanente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano) - Campus Bom Jesus da Lapa. 

José Francisco dos Santos , Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB)

Doutor em História (pela PUC-SP). Mestre em História (pela PUC/SP). Graduado em História (pela UNESP). Atualmente é docente Adjunto, padrão II, nível C da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). 

 

Referências

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018.

ANDREWS, George Reid. O negro no Brasil e nos Estados Unidos. Lua Nova, São Paulo, v. 2, n. 1, 1985.

AZEVEDO, Celia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites. Século XIX. Rio de Janeiro: Annablume, 2004.

BONNEMAISON, Joël. Espace géographique et identité culturelle en Vanuatu (exNouvellesHébrides). Journal de la Société des Océanistes, n. 68, p. 181-188, 1980.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2003]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 22 mar. 2022.

CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008.

COMO é transmitido? Ministério da Saúde, 12 maio 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/como-e-transmitido#:~:text=A%20transmiss%C3%A3o%20por%20got%C3%ADculas%20%C3%A9,metro%20de%20dist%C3%A2ncia%20da%20outra. Acesso em: 22 mar. 2022.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da familia brasileira sob o regimen de economia patriarchal. Rio de Janeiro: Maia & Schimidt, 1933.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GUARESCHI, Neuza et al. As relações raciais na construção das identidades. Psicologia em Estudo, v. 7, n. 2, p. 55-64, 2002.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

LIMA, Maria Batista. Identidade étnico/racial no Brasil: uma reflexão teórico-metodológica. Revista Fórum Identidades, v. 3, p. 33-46, 2008.

MUNANGA, Kabengele. Diversidade, etnicidade, identidade e cidadania. Revista Movimento, Rio de Janeiro, n. 12, 2005.

NOGUEIRA, Fábio. Governo Temer como restauração colonialista. Le Monde Diplomatique Brasil, 9 jan. 2017. Disponível em: https://diplomatique.org.br/governo-temer-como-restauracao-colonialista/. Acesso em: 21 mar. 2022.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociedade brasileira. São Paulo: Claro Enigma, 2012.

THIOLLENT, Michel. Metodologia de pesquisa-ação. São Paulo: Saraiva, 2009.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

UNIVERSIDADE LIVRE FEMINISTA. Me gritaram negra, poema de Victoria Santa Cruz. Disponível em: feminismo.org.br/me-gritaram-negra-poema-de-victoria-santa-cruz/. Acesso em: 21 mar. 2022.
Publicado
2022-09-06