A LEI E A (DES)ORDEM EM CHÃO DAS CARABINAS, DE MOURA LIMA
Resumo
O presente artigo objetiva tecer algumas reflexões sobre a lei e a (des)ordem representadas no romance Chão das carabinas – coronéis, peões e boiadas (2002), de Moura Lima, escritor e advogado gurupiense. Diante disso, problematizam-se no estudo as aproximações entre Direito e Literatura, buscando-se analisar se há a presença de aspectos jurídicos e se esses podem ser observados pela ótica jurídica. O escritor tece uma narrativa em que o sertanejo tem seu destino marcado ao se deparar com o poder oligárquico de coronéis e a escalada de violência, em que as leis são medidas e aplicadas por aqueles que detêm o poder político e financeiro na Vila do Peixe. Busca-se aproximar intertextualmente o romance Chão das carabinas da obra fílmica Abril despedaçado, do cineasta brasileiro Walter Salles, adaptada para o cinema brasileiro e baseada no romance Prilli i Thyer, de Ismail Kadare. Para concluir, notou-se que a narrativa de Moura Lima é marcada por uma intrínseca relação de poder entre os coronéis (e também demais autoridades) e o povo simples da Vila do Peixe, em que disputas políticas, econômicas e os conflitos armados são motivados por disputas pelo poder e pela terra.
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