A CONECTIVIDADE COMO DIREITO FUNDAMENTAL: ACESSO À INTERNET COMO EXPRESSÃO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
Resumo
Este artigo buscou identificar a conectividade, notadamente por meio do acesso à internet, como direito fundamental, em especial por se consubstanciar em mecanismo de interação social, de participação política e de difusão de conhecimento/informação no exercício da dignidade da pessoa humana na modernidade. Usando o método dedutivo e a partir de revisões bibliográficas, analisou-se o surgimento de novos direitos na sociedade da informação sob o prisma da teoria geracional dos direitos fundamentais, alocando-se a conectividade como inerente à quinta geração, graças a seu caráter emancipador no exercício da cidadania, e o acesso à internet como garantia primordial para exercício desse direito, cuja essência consiste em propiciar a interligação de vários princípios e outros direitos também fundamentais, como a livre expressão do pensamento, a cidadania, o direito à informação e a liberdade de comunicação. Como resultado, em suma, verificou-se que a conectividade se caracteriza como forma para efetivação de outros direitos fundamentais, enquanto o acesso à internet é um dos instrumentos com aptidão à concretização desses direitos.
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Vigilância líquida: diálogos com David Lyon. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2012.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, promulgada em 05 de outubro de 1988. Publicada no DOU de 05.10.1998. Planalto. Sítio oficial. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 9.472, de 23 de abril de 2014. Dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda Constitucional nº 8, de 1995. Brasília, DF. DOU de 17.7.1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9472.htm. Acesso em: 26 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Brasília, DF. DOU de 24.4.2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm. Acesso em: 26 maio 2020.
BRASIL. Presidência da República. Pesquisa brasileira de mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Brasília: Secretaria de Comunicação Social, 2015.
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
BONAVIDES, Paulo. A Quinta Geração de Direitos Fundamentais. In: DIREITOS FUNDAMENTAIS & JUSTIÇA, Nº3 – ABR./JUN., 2008. Disponível em: http://dfj.emnuvens.com.br/dfj/article/view/534/127. Acesso em: 25 maio 2020.
CAGGIANO, Monica Herman S. A Operação Eleitoral. Atores e Momentos. In: Mônica Herman S. Caggiano. (Coord.). Ana Flávia Messa; Fernando Dias Menezes de Almeida (Org.). Direito Eleitoral em debate: estudos em homenagem a Cláudio Lembo. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. v. 1. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
CERF, Vinton Gray. Internet access is not a human right. The New York Times. 4 de janeiro de 2012. Disponível em: https://www.nytimes.com/2012/01/05/opinion/internet-access-is-not-a-human-right.html. Acesso em: 26 maio 2020.
CONTRUCCI, Gustavo. O que é evolução do direito. 6ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2014.
CORRÊA, Gustavo Testa. Aspectos jurídicos da Internet. São Paulo: Saraiva, 2000.
CRAWFORD, Susan. The origin and development of a concept: the information society. Bulletin of the Medical Library Association, Houston, p. 380-385, oct. 1983. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC227258/pdf/mlab00068-0030.pdf. Acesso em: 26 maio. 2020.
CRUZ, Fabrício Bittencourt da; PRESTES, Fabyano Alberto. Sistema de Partidos no Brasil: o potencial da proposta de emenda à Constituição 286/2013. Revista de Teorias da Democracia e Direitos Políticos. v. 2, p. 98-116, 2017.
FACEBOOK. Connectivity Lab. Disponível em: https://info.internet.org/en/story/connectivity-lab/. Acesso em: 26 maio de 2020.
IGN. League of Legends ultrapassa 100 milhões de usuários mensais. Disponível em: http://br.ign.com/league-of-legends/38355/news/league-of-legends-ultrapassa-100-milhoes-de-usuarios-mensais. Acesso em: 26 maio 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de Indicadores Sociais 2019. Tabela 2.18. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9221-sintese-de-indicadores-sociais.html?=&t=sobre. Acesso em: 26 maio 2020.
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. 6. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
MARTINS, Leonardo; DIMOULIS, Dimitri. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 2.ed. São Paulo: Método, 2008.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 4ed. São Paulo: Max Limonad, 2000.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos, o Princípio da dignidade da pessoa humana e a Constituição de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004.
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários à Constituição de 1967 – com a Emenda nº. I, de 1969. Tomo IV, 2. ed., rev., São Paulo: Revista dos Tribunais, 1970.
SAMPAIO, José Adércio Leite. A constituição reinventada pela jurisdição constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 2002.
SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
SILVA, Sivaldo Pereira da. Políticas de acesso à internet no Brasil: indicadores, características e obstáculos. Cadernos Adenauer XVI, n. 3, p. 151-171, 2015. Disponível em: http://ctpol.unb.br/wp-content/uploads/2019/04/2015_SILVA_Acesso-Internet.pdf. Acesso em: 26 maio 2020.
SWAIN, Frank. A batalha para manter a internet grátis e aberta a todos. BBC. 1 de novembro de 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-50226471. Acesso em: 26 maio 2020.
TAKAHASHI, Tadeo (org.). Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.
WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 71-77, ago. 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652000000200009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 26 maio 2020.
WOLKMER, Antonio Carlos. Introdução aos Fundamentos de Uma Teoria Geral dos “Novos” Direitos. Revista Jurídica (FIC). v. 2, n. 31. Curitiba, 2013.
WOLKMER, Antonio Carlos. “Sobre a Teoria das Necessidades: a condição dos ‘novos’ direitos”. In: Alter Ágora. Revista do Curso de Direito da UFSC. Florianópolis, n. 1, p. 42-47. maio 1994.
ZICARI, Roberto V. Big data: challenges and opportunities. In: AKERKAR, Rajendra. Big Data Computing. New York: CRC Press, 2014.
ZIMMERMANN, Augusto. Curso de Direito Constitucional. 2.ed. rev.ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).