O DESENVOLVIMENTO HUMANO COMO DIREITO E OBJETIVO EDUCACIONAL NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Palavras-chave: Currículo. Desenvolvimento Humano. Educação Infantil. BNCC.

Resumo

A preocupação com o desenvolvimento humano é pauta atual em diversos campos de estudos e pesquisas. Desenvolver plenamente as crianças por meio da educação escolar tem sido o objetivo primeiro das escolas de Educação Infantil. Este trabalho se propôs a realizar uma análise do documento da Política Curricular atual (BNCC – EI, versão de 2017), observando as regularidades sobre o sentido que é atribuído ao desenvolvimento humano e que podem dar vazão à construção de propostas curriculares atualmente. Nesse percurso, foram formuladas duas categorias que constituíram a análise documental: (a) o desenvolvimento humano como direito educacional; e (b) o desenvolvimento humano como objetivo curricular. Cumpre dizer que, mesmo se autodeclarando relevante e manifestando seu compromisso com equidade, contemplado plenamente no documento, observou-se que a BNCC acabou por não abordar, de forma direta, questões relacionadas às especificidades que atravessam as vivências de cada criança. Assim, constatou-se que o desenvolvimento humano ainda está aprisionado em uma perspectiva organicista e linear, bastante comum em modelos tradicionais de educação. Para concluir, faz-se a seguinte pergunta: o pleno desenvolvimento é para todos? Utilizou-se como ferramenta analítica o conceito de democracia – inspirado nos escritos de John Dewey –, a fim de trazer discussões pertinentes ao tema que poderão auxiliar na construção de currículos mais democráticos no processo de escolarização da infância brasileira.

Biografia do Autor

Cássia Maria Lopes Dias Medeiros, UNISINOS

Graduação em PSICOLOGIA e em PEDAGOGIA, MESTRADO em Educação. Atualmente é Coordenadora de Formação de Professores em Inclusão da Secretaria Municipal de Educação de Teresina e Professora da Universidade Estadual do Piauí - UESPI e da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA. Doutoranda em Psicologia pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ.

Referências

ABBUD, Ieda. John Dewey e a Educação Infantil: entre jardineiras e cientistas. São Paulo, Cortez, 2011.
ALMEIDA, Vanessa da Silva. Base Nacional Comum Curricular: representações da infância protagonista... In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS CULTURAIS E EDUCAÇÃO, 8., 2019, Canoas. Anais [...]. Canoas: Ulbra, 2019.
ARROYO, Miguel. Indagações sobre currículo: educandos e educadores: seus direitos e o currículo. Brasília: Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.

BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Caderno de Educação em Direitos Humanos. Educação em Direitos Humanos: Diretrizes Nacionais. Brasília, DF: Coordenação Geral de Educação em SDH/PR, Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2013.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: 1ª versão. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2015
CARVALHO, Rodrigo Saballa de. Análise do discurso das diretrizes curriculares nacionais de educação infantil: currículo como campo de disputas. Educação, Porto Alegre, v. 38, n. 3, p. 466-476, 2015. DOI: https://doi.org/10.15448/1981-2582.2015.3.15782
CARVALHO, Rodrigo Saballa de; GUIZZO, Bianca Salazar. Políticas de Educação Infantil: conquistas, embates e desafios na construção de uma Pedagogia da Infância. Revista de Educação Pública, [s. l.], v. 27, n. 66, p. 771-791, 2018. DOI: 10.29286/rep.v27i66.4563.
CUNHA, Marcos Vinicius. John Dewey: a utopia democrática. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
DELVAL, Juan. Aprender na vida e aprender na escola. Tradução de Jussara Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 2001.
DEWEY, John. Democracia e educação: introdução à filosofia da educação. 4. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1979.
FOCHI, Paulo Sérgio. Ludicidade, continuidade e significatividade nos campos de experiência. In: FINCO, Daniela; BARBOSA, Maria Carmen Silveira; FARIA, Ana Lucia Goulart (ed.). Campos de experiências na escola da infância: contribuições italianas para inventar um currículo de Educação Infantil brasileiro. Campinas: Edições Leitura Crítica, 2015. p. 221–232.

FOCHI, Paulo Sérgio. Vamos falar sobre a BNCC? O que são campos de experiência? Lunetas, São Paulo, 02 out. 2018. Disponível em: https://lunetas.com.br/vamos-falar-sobre-a-bncc-o-que-sao-campos-de-experiencia/. Acesso em: 12 ago. 2019.
LEWIS, Michael. Alterando o destino: por que o passado não prediz o futuro. São Paulo: Moderna, 1999.

LIBÂNEO, José Carlos. Formação de Professores e Didática para desenvolvimento humano. Educação e Realidade, Porto Alegre, v.40, n. 2, p. 629-650, 2015.

LIMA, Elvira Souza. Indagações sobre currículo: currículo e desenvolvimento humano. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.
LIMA, Elvira Souza. Currículo emergencial para a educação durante e após a pandemia. São Paulo: Diálogos, 2020.
Publicado
2022-09-28