ATOS DA DESCOLONIZAÇÃO: UM ENSAIO DISCURSIVO POR UMA TEORIA A PARTIR DA FRONTEIRA
Resumo
Este ensaio tem a proposta de discutir a escrit(ur)a de si, sob a pluma da autohistoria, como transcendência da diferença colonial a partir das escrevivências de Gloria E. Anzaldúa na obra Borderlands/La frontera: the new mestiza (2012). Para isso, minhas reflexões se apoiam sobre a Análise do Discurso foucaultiana (ALMEIDA, 2019; GUERRA, 2017); o pensamento descolonial (ANZALDÚA, 2012; MIGNOLO; WALSH, 2018); e o Local Geoistórico (NOLASCO, 2013). Sob o fio discursivo da fronteira, a autohistoria põe em prática uma teorização descolonial ao mesmo tempo que a escrit(ur)a está sendo construída. Esse gesto de autorreflexão desenha uma espaço crítico onde a mulher Chicana/indígena se depara com sua incompletude, desejando transformações. É um agir que cativa o leitor-autor, convidando-o a reconceitualizar conceitos migrados para as fronteiras através de uma crítica fronteriza.
Referências
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