EDUCAÇÃO SEXUAL INCLUSIVA NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES (AS): ANÁLISE DO CONTEXTO PORTUGUÊS E BRASILEIRO

Palavras-chave: Educação sexual. Inclusão. Formação de Professores. Educação Especial.

Resumo

Esta pesquisa descritiva investigou e comparou as concepções de 48 professores(as) no Brasil e 45 em Portugal sobre sexualidade e educação sexual (ES) de alunos(as) da educação especial de escolas públicas inclusivas, que responderam a um questionário, para análise quantitativa. Nos dois países, os(as) professores(as) observaram nos(as) alunos(as) os comportamentos: perguntas sobre sexualidade, beijos, namoros e curiosidades comuns a outros jovens, mas também comportamentos inadequados como mexer no próprio corpo publicamente e no de outras pessoas. Consideram os(as) alunos(as) desinformados sobre sexualidade e suas fontes de informação os “familiares” e “internet” (Portugal) e “professores” e “familiares” (Brasil). São favoráveis à ES na escola, acreditam que seja seu papel fazer isso, mas não se sentem preparados (as). Os dados foram semelhantes nos dois contextos, a despeito da ES ser lei em Portugal e no Brasil não e, concluímos que uma formação dos(as) professores(as) seria necessária para a educação sexual inclusiva.

Biografia do Autor

Leilane Raquel Spadotto de Carvalho, UNESP

Mestra em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa “Sexualidade, Educação e Cultura da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP.

Ana Cláudia Bortolozzi , UNESP

Doutora em Educação. Professora Associada do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências de Bauru. Docente dos Programas de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem (Bauru) e Educação Escolar (Araraquara). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP.  

Teresa Vilaça , UNESP

Doutora em Metodologia do Ensino de Ciências. Professora da Universidade do Minho, Braga, Portugal.

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Publicado
2021-02-10