POR UMA PEDAGOGIA DECOLONIAL NO ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA: UMA EXPERIÊNCIA REMOTA DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19

Palavras-chave: Pedagogia Decolonial. Letramento Crítico. Ensino-Aprendizagem. Língua Espanhola. Pandemia.

Resumo

Este artigo objetiva evidenciar uma prática pedagógica decolonial no ensino de espanhol como língua adicional em uma escola pública e periférica de Maceió-AL. Essa prática teve como tema o Racismo e foi desenvolvida remotamente durante o distanciamento social decorrido da pandemia da Covid-19. Neste texto, estão sob o foco de análise as produções que culminaram na elaboração de um livro digital de mensagens destinado à Taynara, professora alagoana vítima de um ato racista. Inserido no campo da Linguística Aplicada, este trabalho baseia-se na perspectiva dos estudos decoloniais e do letramento crítico, isto é, na produção de conhecimentos anti-hegemônicos e no desenvolvimento da consciência crítica e problematizadora. A análise indica que, por meio de atitudes decoloniais, é possível deconstruir as práticas pedagógicas, a saber, ressignificar os espaços de aprendizagem, transgredir as formas de ensinar e aprender uma língua adicional e, a reboque, transpor os limites tradicionais das atividades escolares.

Biografia do Autor

Rusanil dos Santos Moreira Júnior, Universidade Federal de Alagoas

Doutorando e Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura da Universidade Federal de Alagoas (PPGLL/UFAL). Professor de Língua Espanhola da Rede Municipal de Ensino de Maceió-AL (SEMED).

Referências

ALMEIDA FILHO, J. C. Notas para uma política de ensino de línguas. Texto livre, S. l., v. 8, n. 1, p. 124-136, 2015. DOI 10.17851/1983-3652.8.1.124-136. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/16692. Acesso em: 28 out. 2020.
BAKHTIN, M. Tipos de discurso na prosa. O discurso dostoievskiano. In: BAKHTIN, M. (org.). Problemas da poética de Dostoiévski. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2018. p. 207-234.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, MEC: 2017. 600 p. Disponível em:http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 28 out. 2020.
CADILHE, A.; LEROY, H. Formação de professores de língua e decolonialidade: o estágio supervisionado como espaço de (re) existências. Calidoscópio, [S. l.], v. 18, n. 2, p. 250-270, 2020. DOI 10.4013/cld.2020.182.01. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2020.182.01. Acesso em: 28 out. 2020.
CANAGARAJAH, S. Translingual practice: global Englishes and cosmopolitan relations. New York, Routledge, 2013. 216 p.
D’ÁVILA, M. A educação na pandemia. Correio do Povo, Porto Alegre, 21 jul. 2020.
ESPÍRITO SANTO, D.; SANTOS, K. A invenção do monolinguismo no Brasil: por uma orientação translíngue em aulas de “línguas”. Calidoscópio, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 152-162, 2018. DOI 10.4013/cld.2018.161.14. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2018.161.14/0. Acesso em: 28 out. 2020.
FABRÍCIO, B. Linguística Aplicada como espaço de “desaprendizagem”: redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 45-66.
FREIRE, P. Educação. O sonho possível. In: BRANDÃO, C. R. et al (org.). O Educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Edições Geral, 1982. p. 89-101.
G1 AL. Professora denuncia ato racista de diretora de colégio particular de Maceió. G1 Alagoas, Maceió, 05 fev. 2020. Disponível em:https://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2020/02/05/professora-denuncia-ato-racista-de-coordenadora-de-colegio-particular-de-maceio.ghtml. Acesso em: 28 out. 2020.
GULLO, A.; RODRIGUES, L. C. A Base Nacional Comum Curricular e a pergunta que não quer calar? Por que só uma língua estrangeira a aprender? In: GULLO, A.; RODRIGUES, L. C. (org.). Políticas linguísticas e o ensino de LE no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ, 2017. p. 9-18.
HOOKS, B. A língua. In: HOOKS, B. (org.), Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017. p. 223-234.
JANKS, H. Panorama sobre o letramento crítico. In: JESUS, D. M.; CARBONIERI, D. (org.). Práticas de multiletramentos e letramento crítico: outros sentidos para a sala de aulas de línguas. Campinas: Pontes Editores, 2016. p. 21-39.
KLEIMAN, A. Agenda de pesquisa e ação em Linguística Aplicada: problematizações. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Linguística Aplicada na modernidade recente: festschrift para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola, 2013. p. 39-58.
MATURANA, H. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. 98 p.
MIGNOLO, W. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, [S. l.], v. 32, n. 94, p. 1-18, jun. 2017. DOI 10.17666/329402/2017. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v32n94/0102-6909-rbcsoc-3294022017.pdf. Acesso em: 28 out. 2020.
MIGNOLO, W. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF. Dossiê: Literatura, língua e identidade, [S. l.], n. 34, p. 287-324, 2008.
MOITA LOPES, L. P. Linguística Aplicada como lugar de construir verdades contingentes: sexualidades, ética e política. Revista Gragoatá, [S. l.], v. 14, n. 27, dec. 2009. Disponível em: https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33105. Acesso em: 28 out. 2020.
MOITA LOPES, L. P. Uma Linguística Aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como linguista aplicado. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 13-44.
MOITA LOPES, L. P.; FABRÍCIO, B. 2019. Por uma ‘proximidade crítica’ nos estudos em Linguística Aplicada. Calidoscópio, [S. l.], v. 17, n. 4, p. 711-723. DOI 10.4013/cld.2019.174.03. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2019.174.03. Acesso em: 28 out. 2020.
MOTA NETO, J. O giro decolonial na América Latina. In: MOTA NETO, J. (org.). Por uma pedagogia decolonial na América Latina: reflexões em torno do pensamento de Paulo Freire e Orlando Fals Borda. Curitiba: Editora CRV, 2016. p. 43-100.
NOVIKOFF, C.; CAVALCANTI, M. Pensar a potência dos afetos na e para a educação. Conjectura, [S. l.], v. 20, n. 3, p. 88-107, 2015. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/3442. Acesso em: 28 out. 2020.
NÓVOA, A. A pandemia de Covid-19 e o futuro da educação. Revista Com Censo, [S. l.], v. 7, n. 3, p. 8-12, ago. 2020. Disponível em: http://www.periodicos.se.df.gov.br/index.php/comcenso/article/view/905/551. Acesso em: 28 out. 2020.
OLIVEIRA, L.; CANDAU, V. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em revista, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 15-40, 2010. DOI 10.1590/S0102-46982010000100002. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/edur/v26n1/02.pdf. Acesso em: 28 out. 2020.
OLIVEIRA, M. B. A Linguística Aplicada, o Círculo de Bakhtin e o ato de conhecer: afinidades eletivas são possíveis? In: R. RODRIGUES, R.; PEREIRA, R. (org.). Estudos dialógicos da linguagem e pesquisas em linguística aplicada. São Carlos: Pedro & João Editores, 2016. p. 47-63.
PALERMO, Z. Para una pedagogía decolonial. Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Del Signo, 2014. 140p.
QUIJANO, A. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú Indígena, [S. l.], v. 12, n. 29, p. 11-20, 1992. Disponível em: https://www.lavaca.org/wp-content/uploads/2016/04/quijano.pdf. Acesso em: 28 out. 2020.
ROCHA, C.; MACIEL, R. Ensino de língua estrangeira como prática translíngue: articulações com teorizações bakhtinianas. Revista Delta, [S. l.], v. 31, n. 2, p. 411-445, 2015. DOI: 10.1590/0102-4450437081883001191. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/delta/v31n2/1678-460X-delta-31-02-00411.pdf. Acesso em: 28 out. 2020.
SANTOS, B. Corpos, conhecimentos e corazonar. In: SANTOS, B. (org.). O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologias do sul. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. p. 135-158.
SANTOS, B. Na oficina do sociólogo artesão: aulas 2011-2016. São Paulo: Cortez, 405p.
SCHLATTER, M.; GARCEZ, P. Língua Espanhola e Língua Inglesa – Referencial Curricular. In: RIO GRANDE DO SUL. Lições do Rio Grande. Porto Alegre, SE/DP, 2009. p. 125-172.
WALSH, C. Introducción – Lo pedagógico y lo decolonial: entretejiendo caminos. In: C. WALSH (org.). Pedagogías decoloniales: prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir) – Tomo I. Quito, Abya-Yala, Serie Pensamiento Decolonial, 2013. p. 23-68.
XXXXX. 2016.
XXXXX. 2018.
Publicado
2021-03-11