EU TE BENZO, DEUS CURA: INTERSECCIONALIDADE E MEMÓRIA NA REZA DE GLÓRIA DO CURRAL

Palavras-chave: Benzeção. História de Vida. Capanema-PA

Resumo

O artigo tem como propósito promover diálogo a partir dos atravessamentos de gênero, raça, classe social e identidades presentes na narrativa oral de Glória do Curral, moradora da comunidade de Curral Velho, Capanema-PA. A narradora passeia por vários espaços de sociabilidade e de trabalho, marcados pela natureza do serviço que desempenha na região: a cura através da reza e das ervas. A partir e através do testemunho da narradora foi possível conhecer algumas percepções de si mesma, silenciamentos e afetos, além de problematizar conceitos de interseccionalidade (Gonzalez, 2019; Collins, 2016, 2017) e os limites da História Oral (Path, 2010), assumida na pesquisa como método. A trajetória de vida de Glória do Curral abre caminhos para se pensar em processos tecidos entre corpo e voz e nas possibilidades de re/existência em espaços de dominação.

Biografia do Autor

João Leno Pereira de Maria, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA)

Mestre em Artes (UFPA) e doutorando em Letras (UFPB). Docente do Curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). 

Ana Cristina Marinho, Universidade Federal da Paraíba - UFPB

Professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba. 

Referências

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora. UFMG, (Coleção Humanitas), 2005.

COLLIN, Patricia Hill. Se perdeu na tradução? Feminismo negro, interseccionalidade e política emancipatória. Parágrafo, vol. 5, n. 1, 2017.

COLLIN, Patricia Hill. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Revista Sociedade e Estado – Volume 31, Número 1, Janeiro/Abril, 2016.

FIGUEIREDO, Carlos Vinícius da Silva. Estudos subalternos: uma introdução. Raído. Dourados, n. 4, v. 7, p.83-92, 2010.

GARRIDO, loan del Alcazar. As fontes orais na pesquisa histórica: uma contribuição ao debate. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 13, n. 25/26, set192-ago/93.

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque (org.). Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2019. p. 237 - 256.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Trad. Laís Teles Benoir. São Paulo: Centauro, 2004.

HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo social, vol.26, no.1, São Paulo, Jan./Jun, 2014. p. 61-73.

LE VEM, Michel Marie. História oral de vida: o instante da entrevista. In: VON SIMZON, Olga Rodrigues de Moraes, (Org). Os desafios contemporâneos de História oral. Campinas: CMU/Unicamp, 1997.

MARTINS, Paulo Henrique. A sociologia de Marcel Mauss: Dádiva, simbolismo e associação. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. Nº 73, ano 2005. p. 45-66.

MONTENEGRO, Antônio Torres. História oral e memória: a cultura popular revisitada. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1994.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, n.10, dez. 1993

PATAI, Dafne. História oral, feminismo e política. Tradução Fernando Luiz Cássio e Ricardo Santiago. São Paulo: Letra e Voz, 2010.

PERROT, Michelle. Os excluídos da História: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

SILVA, Nadson F. N. da; VIEIRA, Norma. C. OLIVEIRA, Marcelo do V. As práticas de cura das benzedeiras da Amazônia paraense: Saberes, Identidades e Lugares de Gêneros. Revista Ártemis, vol. XXIX nº 1; jan-jun, 2020.

SPIVAK, Gayatri C. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2012.

Fonte oral:

CURRAL, Glória do. Registro realizado na Comunidade Curral Velho, Capanema-PA em: 02 mar de 2020.

Publicado
2021-01-21