QUEM PODE FALAR NAS SALAS INCLUSIVAS DE SURDOS E OUVINTES?: REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES
Resumo
Este artigo objetiva analisar os processos de interação dos e com alunos surdos e ouvintes em sala de aula inclusiva contemplando as duas línguas envolvidas: Libras e Português. Esta investigação se insere na Linguística Aplicada (LA) porque esta reconhece ser inescapável a relação entre fazer pesquisa e fazer política. Teoricamente, embasamo-nos nas discussões sobre a relação de dominação entre línguas e sujeitos. Leva-se em consideração as experiências dos autores nesse formato de salas de aula inclusivas. Quanto aos resultados, compreende-se que eles apontam inicialmente para a constituição de uma assimétrica alternância dos sujeitos falantes em diálogos que envolvem surdos e ouvintes relacionada ao valor atribuído e naturalizado das línguas. Espera-se que as reflexões aqui provocadas possam contribuir de alguma forma para as pesquisas em LA, questionando e promovendo reconstruções e possibilidades de ensino inclusivo para surdos e ouvintes.
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