HISTÓRIAS DA TRADIÇÃO NA ESCOLA: PARA ALÉM DO TEMPO E DO ESPAÇO
Resumo
Ouvir, ler e contar histórias parece ser uma predileção humana universal. As histórias de tradição oral que ouvimos quando crianças constituem, em grande parte, a nossa educação geral. Circulando de memória em memória, mas também de livro em livro, aprendemos por meio delas as primeiras lições sobre afetividade, ética, solidariedade, partilha, amizade e tantos outros valores fundamentais à existência humana. Contadas e recontadas ao longo de milênios, as histórias ultrapassaram tempos e espaços e permanecem vivas cada vez que são rememoradas junto às novas gerações. Neste artigo, objetivo indexar categorias que demonstram a relação de simbiose e complementaridade entre as histórias da tradição, os dispositivos míticos e as cosmologias dos saberes tradicionais. Os procedimentos metodológicos incluem uma incursão bibliográfica sobre o tema e reflexões acerca do potencial pedagógico das histórias ao extrapolar os limites da compreensão lógica sobre o mundo, questionando, assim, o nosso modelo de educação escolar. O artigo encerra-se com duas questões reflexivas: se as histórias são sinalizadores de vida, que espaços sociais permitem ou garantem a sua expressão? Se a escola é um espaço privilegiado de circulação da cultura e do conhecimento, não seria adequado afirmar que a ausência desses sinalizadores compromete uma educação humanizadora?
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