TRABALHO DOCENTE NA PANDEMIA: UMA ANÁLISE DO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Palavras-chave: Trabalho Docente. Pandemia. Ensino Remoto Emergencial. Políticas de Educação Digital. Desigualdades de Acesso Digital.

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir os resultados de uma pesquisa nacional sobre o trabalho docente na educação básica no contexto do Ensino Remoto Emergencial. Buscou-se evidenciar em que condições os professores realizam seu ofício, considerando para esta análise as condições materiais, os percursos formativos, a rede e a etapa em que atuam. O estudo pautou-se na análise de dados secundários e no levantamento bibliográfico para a discussão dos impactos do distanciamento social, a partir de diferentes perspectivas. Os aportes teóricos principais foram as abordagens do trabalho, da condição e dos sentidos da docência, de Fanfani (2005), Nóvoa (1991), e Oliveira (2004). Concluiu-se que, apesar dos esforços e das estratégias adotadas, os desafios impostos à educação foram ampliados nesse contexto. Assim, foi possível observar a existência de dificuldades para o uso de tecnologias, a ocorrência de intensificação do trabalho e a insuficiência no suporte pedagógico e tecnológico ofertado pelas redes.

Biografia do Autor

Ana Maria Alves Saraiva, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Adjunta e do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da UFMG. 

Bréscia França Nonato, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na linha de pesquisa Sociologia da Educação. Professora Adjunta da Faculdade de Educação da UFMG. 

Daniel Santos Braga, Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)

Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor do Centro Universitário Newton Paiva e da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG-Ibirité). 

Referências

ANDRÉ, M. Políticas de formação continuada e de inserção à docência no Brasil. Educação Unisinos, v. 19, n. 1, pp. 34-44, jan./abr. 2015.

ARRUDA, E. P. Políticas públicas em EaD no Brasil: marcas da técnica e lacunas educacionais. Inclusão Social, Brasília, DF, v.10, n.1, p.105-118, 2016.

BRAGA, D. S.; DANTAS, D. M. P. A expansão das Tecnologias de Informação e Comunicação em escolas brasileiras: Limites e possibilidades das políticas públicas. SCIAS - Educação, Comunicação e Tecnologia, Belo Horizonte, v.1, n.1, p. 94-114, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.36704/sciaseducomtec.v1i1.3639. Acesso em: 14 set. 2021.

BAUDELOT, C. A sociologia da educação: para quê? Teoria e Educação, n.3, p. 29-42, 1991 [1983].

BEN AYED, C. As desigualdades socioespaciais de acesso aos saberes: uma perspectiva de renovação da sociologia das desigualdades escolares? Educação e Sociedade, Campinas, 120 (33), 783-803, 2012.

BRASIL. Painel COVID-19 no Brasil. 2020. Disponível em: https://susanalitico.saude.gov.br/extensions/covid-19_html/covid-19_html.html. Acesso em: 19 set. 2020.

CHAUDRON, S.; DI GIOIA, R.; GEMO, M. Young Children (0-8) and Digital Technology: a qualitative exploratory study across seven countries. JRC Science and polyce reports, 2018.

COUTO, M. R. Novas formas de intensificação do trabalho docente: um estudo sobre a implementação de políticas de regulação do trabalho do professor no ensino profissional. 2018. (Tese de Doutorado) Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação, Campinas, SP.

DURU-BELLAT M.; VAN ZANTEN, A. Sociologie de l'école.França. Editora Armand Colin. Paris 2011

ENGUITA, M. F. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Trad.: Tomaz Tadeu da Silva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

FANFANI, E. T. La Condición Docente: análisis comparado de la Argentina, Brasil, Perú y Uruguai. México: Editora Siglo XXI, 2005.

FERREIRA, M. O. V. Feminização e “natureza” do trabalho docente: breve reflexão em dois tempos. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 9, n. 16, p. 153-166, jan./jun. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.22420/rde.v9i16.490. Acesso em: 20 set. 2020.

FREIRE, P. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.

GATTI, B. A.; BARRETTO, E. S. de Sá. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: UNESCO, 2009. 294 p.

GATTI, B. A. Formação de professores no Brasil: características e problemas. Educação e Sociedade, Campinas, v. 31, n. 113, p. 1355-1379, dez. 2010.

GOES, F. T.; MACHADO, L. R. de S. Políticas educativas, intersetorialidade e desenvolvimento local. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 38, n. 2, p. 627-648, jun. 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S2175-62362013000200016. Acesso em: 22 set. 2020.

GOUVEIA, A. Financiamento da educação e o município na federação brasileira. RBPAE, v.24, n.3, p. 437-465, set./dez. 2008.

GRUPO DE ESTUDOS SOBRE POLÍTICA EDUCACIONAL E TRABALHO DOCENTE. GESTRADO/UFMG. Trabalho Docente em Tempos de Pandemia. 2020. 24 p. (Relatório Técnico). Disponível em: https://www.cnte.org.br/images/stories/2020/cnte_relatorio_da_pesquisa_covid_gestrado_julho2020.pdf. Acesso em: 22 set. 2020.

INEP. Censo Escolar. Brasília: INEP, 2019. [Microdados]. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/microdados. Acesso em: 22 set. 2020.

LAROSA, E.; DJURIC, O.; CASSINADRI, M. et al. Secondary transmission of COVID-19 in preschool and school settings in northern Italy after their reopening in September 2020: a population-based study. Euro Surveill, v.25, n.49, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.2807/1560-7917.ES.2020.25.49.2001911. Acesso em: 14 set. 2021.

LIBÂNEO, J. C. Didática. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2013.

MACARTNEY, K.; QUINN, H. E.; PILLSBURY, A. J.; et al. Transmission of SARS-CoV-2 in Australian educational settings: a prospective cohort study. Child and Adolescent Health, v. 4, n. 11, p. 807-816, nov., 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/S2352-4642(20)30251-0. Acesso em: 14 set. 2021.

MADAUS, G.; AIRASIAN, P.; KELLAGHAN, T. School Effectiveness: a reassessment of the evidence. New York: MacGrow-Hill Book Company, 1980.

MILL, D.; FIDALGO, F. O trabalho docente virtual como teletrabalho: sobre tempos, espaços e tecnologias. In: FIDALGO, F.; OLIVEIRA, M. A.; ROCHA, N. L. (orgs). A intensificação do trabalho docente: tecnólogas e produtividade. Campinas, SP: Papirus, 2009.

NOGUEIRA, C. M. M.; FLONTINO, S. R. D. A escolha dos cursos de formação de professores e da profissão docente num cenário de desvalorização do magistério: os estudantes de licenciatura da Universidade Federal de Minas Gerais. In: MELO, B. P. et al. (Org.). Entre Crise e Euforia: práticas e políticas educativas no Brasil e em Portugal. 1ªed., p. 35-68. Porto, Portugal: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2014.

NORMAND, R. Mesurer la justice en education: esquisse d’une arithmétique politique des inegalités. In: DEROEUT, J. L.; DEROUET, M. C. (Ed). Repenser la justice dans le domaine de l’education et de la formation. Lyon, INRP, 2009, p. 349-365.

NÓVOA, A. Os professores e o “novo” espaço público da educação. In: TARDIF, Maurice; LESSARD, C. (Orgs.). O ofício de professor. p. 217-233. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2008.

NÓVOA, António. Para o estudo sócio-histórico da gênese e desenvolvimento da profissão docente. Teoria e Educação, nº 4, p. 109-139, 1991.

OLIVEIRA, D. A. PREIRA JUNIOR, E. Trabalho docente em tempos de pandemia: mais um retrato da desigualdade educacional brasileira. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 14, n. 30, p. 719-735, set./dez. 2020. Disponível em: http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde. Acesso em: 16 set. 2021.

OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, A. C. Política educacional como política social. Perspectiva. Florianópolis. v.23, n.02, p. 279-301, jul/dez. 2005.

OLIVEIRA, D. A. A reestruturação do trabalho docente: precarização e flexibilização. Educação e Sociedade, Campinas, SP, v. 25, n. 89, p.1127-1144, dez. 2004.

OMS (Organização Mundial da Saúde). WHO Coronavirus Disease (COVID-19) Dashboard. 2020. Disponível em: https://covid19.who.int/. Acesso em: 19 set. 2020.

PEREIRA, S. dos R. B.; SANTOS, G. F. dos. Um olhar crítico sobre a qualidade do acesso à internet, da interatividade e a qualidade da aprendizagem. Humanidade & Inovação, Palmas, v. 6, n. 9, 2019.

PERRENOUD, P. Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar. Lisboa: Porto, 1995.

PIAGET, J. A epistemologia genética. Martins Fontes: São Paulo, 2002.

REDE PETECA. Como a pandemia do coronavírus afeta os direitos das crianças e adolescentes. Disponivel em:

https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/especiais/trabalho-infantil-sp/reportagens/como-a-quarentena-do-coronavirus-afeta-os-direitos-das-criancas-e-adolescentes/.Acesso em: 22 set. 2020.

SAMPAIO, R. M. Teaching and literacy practices in COVID-19 pandemic times. Research, Society and Development, v. 9, n. 7, p. e519974430, 2020. Disponível em: https://doi.org/33448/rsd-v9i7.4430. Acesso em: 20 set. 2020.

SILVEIRA, A. S.; ARAÚJO NETO, A. B; OLIVEIRA, L. M. S. Processo ensino aprendizagem na educação infantil em tempos de pandemia e isolamento. Ciência Contemporânea, vol. 1, n. 6, 2020. Disponível em: http://www.cienciacontemporanea.com.br/index.php/revista/article/view/32/29. Acesso em: 20 set. 2020.

TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Rio Janeiro: Vozes, 2005.

TEIXEIRA, I. A. de C. Da condição docente: primeiras aproximações teóricas. Educação e Sociedade, Campinas, v. 28, n. 99, p. 426-443, ago. 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-73302007000200007. Acesso em: 22 set. 2020.

VIEIRA, P. R.; GARCIA, L.; Posenato; M.; Ethel L. N. Isolamento social e o aumento da violência doméstica: o que isso nos revela? Revista Brasileira de Epidemiologia, Rio de Janeiro, v. 23, e200033, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-549720200033. Acesso em: 22 set. 2020.

VIGODA, E. New public management. In: RABIN, Jack (ed.). Encyclopedia of Public Administration and Public Policy. New York: Marcel Dekker, v. 2, 2003.

ZIBETTI, M. L.; PEREIRA, S. Mulheres e professoras: repercussões da dupla jornada nas condições de vida e no trabalho docente. Educar em Revista, Curitiba, n. spe2, p. 259-276, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-40602010000500016. Acesso em: 20 set. 2020.

Publicado
2022-03-03