O SILENCIAMENTO DA MULHER EVANGÉLICA: PALAVRAS E CONTRAPALAVRAS
Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar como se legitima o silenciamento da mulher religiosa nos discursos ideológicos em igrejas evangélicas. Trata-se de uma análise qualitativa de cunho interpretativo, cujo aporte teórico destacam-se: Volóchinov (2017); Orlandi (1996, 2007); Pêcheux (1997) e Althusser (1985) e outros. Pela categoria do silenciamento, relaciona-se a materialidade “Marcela Temer: Bela, recatada e do lar” (Revista Veja) com materialidades das pastoras Elizete Malafaia e Ana Paula Valadão em suas redes sociais. Ressalta-se que o discurso incentivador das pastoras a então primeira dama ressignificou a construção do ideário da submissão feminina em um continuum discursivo atravessando e marcando tempos. Os resultados ainda apontam que a política do silêncio nos discursos analisados reverberou a função de calar algum sentido, como ato de censura. A censura aparece como uma missão ideológica, a partir da interpelação, incentivando negação à emancipação e à historicidade.
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