APRENDER E ENSINAR: A “PEDAGOGIA” AKWẼ-XERENTE E A CONSTRUÇÃO DA PESSOA
Resumo
Este artigo aborda o processo próprio de ensino-aprendizagem no contexto da educação escolar indígena no Brasil, refletindo sobre essa ideia a partir da experiência etnográfica do povo Akwẽ-Xerente. Considera que para esse povo é mais adequado falar em processo de aprendizagem-ensino, pois que o foco do processo está centrado mais na ação protagonista do aprendiz interessado que na ação do mestre que ensina. Considera-se ainda que a aprendizagem akwẽ passa pela construção do corpo e das suas afecções que o possibilitam adquirir condições adequadas para acessar os conhecimentos.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, 1989.
________. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. In: Magalhães, E. D. (org.). Legislação Indigenista Brasileira e normas correlatas. Brasília: FUNAI/CGDOC, 2005, p. 504-514.
BRASIL. Lei nº. 10.172, de 09 de janeiro de 2001, aprova o Plano Nacional de Educação. In: MAGALHÃES, E. D. (org.). Legislação Indigenista Brasileira e normas correlatas. Brasília: FUNAI/CGDOC, 2005, p. 515-522.
CARNEIRO DA CUNHA, M. Os mortos e os outros: uma análise do sistema funerário e da noção de pessoa entre os índios Krahô. São Paulo: Hucitec, 1978.
________. De amigos formais e pessoa: de companheiros, espelhos e identidades. Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro, vol. 32, p. 31-39, 1979.
COHN, C. A criança indígena: a concepção Xikrin de infância e aprendizado. 2000. 187 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, 2000.
COLLET, C. L. G. Performance e transformação na escola indígena Bakairi. Revista FAEEBA: Educação e Contemporaneidade, Salvador, vol. 19, n. 33, p 173-184, 2010.
DE PAULA, L. R. A dinâmica faccional Xerente: esfera local e processos sociopolíticos nacionais e internacionais. 2000. 287 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, São Paulo, 2000.
FARIAS, A. J. T. P. Fluxos sociais Xerente: organização social e dinâmica das relações entre aldeias. 1994. 196 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, 1994.
HEURICH, G. O. Corpo, conhecimento e perspectiva: a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty e o perspectivismo. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, vol. 1, n. 1, p. 102-115, 2007. Disponibilidade em: < http://seer.ufrgs.br/EspacoAmerindio/article/viewFile/2522/1520>. Acesso em: 20 nov. 2009.
ITURRA, R. O imaginário das crianças: os silêncios da cultura oral. Lisboa: Fim de Século, [1997] 2007.
JUNQUEIRA, C. Antropologia indígena: uma introdução, história dos povos indígenas no Brasil. São Paulo: EDUC, 2002.
LOPES DA SILVA, A. L. da; FARIAS, A. J. T. P. Pintura corporal e sociedade: os ‘partidos’ Xerente. In VIDAL, L. (org.). Grafismo Indígena: estudos de antropologia estética. São Paulo: Studio Nobel/Fapesp/Edusp, 1992, p. 89-116.
MAYBURY-LEWIS, D. Dialectical Societies: The Gê and Bororo of Central Brazil, Harvard University Press, 1979.
________. O Selvagem e o Inocente. Campinas: Editora da Unicamp, 1990.
MAUSS, M. [1950] 2003 “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a de ‘eu’”, in MAUSS, M., Sociologia e Antropologia, São Paulo, Cosac Naify, pp. 369-397.
________. As técnicas do corpo. In: MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify, [1950] 2003, pp. 401-422.
MCCALLUM, C. Escrito no corpo: gênero, educação e socialidade na Amazônia numa perspectiva Kaxinawá. Revista FAEEBA: Educação e Contemporaneidade, Salvador, vol. 19, n. 33: 87-104, 2010.
MELO, C. R. de. Corpos que falam em silêncio: escola, corpo e tempo entre os Guarani. 2008. 146 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, UFSC, Florianópolis, 2008.
MELO, V. M. C. de. Diversidade, meio ambiente e educação: uma reflexão a partir da sociedade Xerente. 2010. 114 f. Dissertação (Mestrao em Ciências do Meio Ambiente) - Campus Universitário de Palmas, UFT, Palmas, 2010.
MINISTÉRIO da Educação. Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena. Brasília: MEC-SEF/Comitê Nacional de Educação Escolar Indígena, 1993.
MORAIS NETO, O. R. de. Sawrepté: imagens do Brasil-Central. 2007. 100 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Antropologia, UNB, Brasília, 2007.
NIMUENDAJU, C. The Serente. Los Angeles: The Southwest Museum, 1942.
NOLASCO, G. R. S. Clãs Xerente: nomes, narrativas e prerrogativas associadas, Porto Nacional. Trabalho de Conclusão de Curso, UFT, 2006.
_________. Rowahtuze Sinã: um estudo sobre a ‘pedagogia’ Akwẽ e a sua relação com a escola indígena. 2010. 87 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Departamento de Ciências da Vida, UC, Coimbra, 2010.
NUNES, Â. Brincando de ser criança: Contribuições da etnologia indígena brasileira à antropologia da infância. 2003. 341 f. Tese (Doutorado em Antropologia) - Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Departamento de Antropologia, UL, Lisboa, 2003.
OLIVEIRA-REIS, F. C. Aspectos do contato e formas socioculturais da sociedade Akwen-Xerente (Jê). 2001. 120 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Antropologia, UNB, Brasília, 2001.
SAMURU, D.; NETO, O. R. de M. O Ritual Kupré na Sala de Aula: uma Proposta de Material Didático para a Educação Escolar do Povo Indígena Xerente. In: MACHADO, M.; NETO, O. R. de M. Educação escolar e Ciências Humanas: Culturas e história dos povos indígenas. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2016, p. 83-112.
SEEGER, A. O significado dos ornamentos corporais. In: SEEGER, A., Os índios e nós. Rio de Janeiro: Campus, 1980, p. 43-60.
SEEGER, A.; DA MATTA, R.; VIVEIROS DE CASTRO, E. A construção da pessoa nas sociedades Indígenas brasileiras. Boletim do Museu Nacional, vol. 32, p. 2-19, 1979.
SIFUENTES, T. R. Mulheres Xerentes: Narrativas Culturais e Construção Dialógica da Identidade. 2007. 155 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Antropologia, UNB, Brasília, 2007.
SILVA, R. C. da. As crianças Xacriabá, suas formas de sociabilidade e o aprendizado nas comunidades de prática. In: 31ª REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO (ANPED). Anais. Caxambu: ANPED, 2008. Disponibilidade em: < http://www.anped.org.br/sites/default/files/gt07-5041-int.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2010.
SCHROEDER, Ivo. Política e Parentesco nos Xerente. 2006. 303 f. Tese (Doutorado em Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, 2006.
VIVEIROS DE CASTRO, E. A fabricação do corpo na sociedade Xinguana. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, vol. 32, p 40-49, 1979.
_______. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana: estudos de Antropologia Social: Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/Museu Nacional da UFRJ, Rio de Janeiro, vol. 2, n. 2, p 115-144, 1996. Disponibilidade em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93131996000200005. Acesso em: 15 nov. 2010.
_______. Perspectivismo e multinaturalismo na América Indígena. In: VIVEIROS DE CASTRO, E. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, pp. 345-399, 2002.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).