DA RACIONALIDADE INDÍGENA ÀS NATUREZAS HÍBRIDAS
Resumo
Este artigo aborda a racionalidade indígena acerca da natureza e a emergência de uma perspectiva híbrida. Para a racionalidade indígena, a natureza é vista como uma extensão do lar, composta por concepções simbólicas (saberes tradicionais, crenças, valores, seres e espíritos), não somente como fornecedora de recursos materiais (alimentação, habitação, etc.). É uma racionalidade com e não contra natura, pois busca a proteção dos elementos naturais, numa lógica de coevolução com a natureza. Entretanto, como a cultura é dinâmica, os povos indígenas, seja por necessidade ou imposição, buscam se adaptar a uma concepção de hibridismo cultural e de visão de mundo. Nela, é possível que tradição e modernidade convivam lado a lado ou de forma combinada, resultando em novas estruturas. A emergência de uma perspectiva híbrida permite que os povos indígenas possam dialogar nos mesmos termos da sociedade não indígena, fortalecendo a luta por seus direitos, territórios e culturas.
Referências
BALÉE, W. Indigenous Transformation of Amazonian Forests: an example from Maranhão, Brazil. L'Homme, Paris, v. 33, n. 126-128, p. 231-254, déc. 1993. Disponibilidade em: https://www.persee.fr/doc/hom_0439-4216_1993_num_33_126_369639 Acesso em: 20 mar. 2016.
CANCLINI, N. G. Culturas híbridas. Estratégias para entrar e sair da modernidade. 4. ed. 4. reimpr. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
DESCOLA, P. Ecologia e cosmologia. In: CASTRO, E.; PINTON, F. (Orgs.). Faces do trópico úmido: conceitos e novas questões sobre desenvolvimento e meio ambiente. Belém: UFPA/CEJUP, 1997. p. 243-261.
______. La antropología y la cuestión de la naturaleza. In: PALACIO, G.; ULLOA, A. (Eds.). Repensando la naturaleza: encuentros y desencuentros disciplinarios en torno a lo ambiental. Bogotá: IMANI-Universidad Nacional, 2002. p. 155-171.
ESCOBAR, A. Depois da natureza. Passos para uma ecologia política antiessencialista. In: PARREIRA, C.; ALIMONDA, H. (Orgs.). Políticas públicas ambientais latino-americanas. Brasília: Flacso-Brasil/Editorial Abaré, 2005. p. 17-64.
FLORIANI, D. A complexidade ambiental nos convida a dialogar com as incertezas da modernidade. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, v. 4, p. 61-64, jul./dez. 2001. Disponibilidade em: http://revistas.ufpr.br/made/article/view/3040 Acesso em: 7 maio 2017.
FLORIANI, N.; RÍOS, F. T. ; FLORIANI, D. Territorialidades alternativas e hibridismos no mundo rural: resiliência e reprodução da sociobiodiversidade em comunidades tradicionais do Brasil e Chile meridionais. Polis, Santiago, v. 12, n. 34, p. 73-94, 2013. Disponibilidade em: https://scielo.conicyt.cl/pdf/polis/v12n34/art05.pdf Acesso em: 1 fev. 2017.
LEFF, E. El concepto de racionalidad ambiental. In: _____________. Saber Ambiental. Sustentabilidad, racionalidad, complejidad, poder. México D. F.: Siglo XXI/UNAM/PNUMA, 1998. p. 114-123.
______. Pensar a complexidade ambiental. In: ______. (Coord.). A complexidade ambiental. São Paulo: Cortez, 2003. p. 15-63.
______. Complexidade, racionalidade ambiental e diálogo de saberes. Educação & realidade, Porto Alegre, v. 34, n. 3, p. 17-24, set./dez. 2009. Disponibilidade em: http://www.redalyc.org/pdf/3172/317227055003.pdf Acesso em: 2 fev. 2016.
TASSINARI, A. M. I. Sociedades indígenas: introdução ao tema da diversidade cultural. In: SILVA, A. L.; GRUPIONI, L. D. B. (Orgs.). A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de 1º e 2º graus. Brasília: MEC/MARI/UNESCO, 1995. p. 445-480.
PORTO-GONÇALVES, C. W. O latifúndio genético e a r-existência indígeno-campesina. Geographia, Niterói, v. 4, n. 8, p. 30-44, jul./dez. 2002. Disponibilidade em: http://www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/article/view/86/84 Acesso em: 12 jul. 2018.
______. Temporalidades amazônicas: uma contribuição à Ecologia Política. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, v. 17, p. 21-31, jan./jun. 2008. Disponibilidade em: https://revistas.ufpr.br/made/article/view/13410 Acesso em: 18 jul. 2018.
______. Amazônia enquanto acumulação desigual de tempos: uma contribuição para a ecologia política da região. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 107, p. 63-90, set. 2015. Disponibilidade em: https://journals.openedition.org/rccs/6018 Acesso em: 15 jul. 2018.
POSEY, D. A. Os Kayapó e a natureza. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 2, n. 12, p. 35-4, maio./jun. 1984. Disponibilidade em: http://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.fflch.usp.br/files/Kayapos002.pdf Acesso em: 12 jan. 2016.
______. Etnobiologia: teoria e prática. In: RIBEIRO, D. (Ed.). Suma Etnológica Brasileira. Volume 1. Etnobiologia. Petrópolis: Vozes/FINEP, 1986. p. 15-25.
RAHMAN, A. Development of an integrated traditional and scientific knowledge base: a mechanism for accessing, benefit sharing and documenting traditional knowledge for sustainable socio-economic development and poverty alleviation. In: TWAROG, S.; KAPOOR, P. (Eds.). Protecting and promoting traditional knowledge: systems, national experiences and international dimensions. New York/Geneva: United Nations, 2004. p. 313-323.
SANTOS, E. A. “Posso ser o que você é sem deixar de ser quem sou”. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 28., 2015, Florianópolis. Anais... Florianópolis: ANPUH, 2015. p. 1-13. Disponibilidade em: http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1434312985_ARQUIVO_TextoparaeventoAnpuh2015.pdf Acesso em: 12 jan. 2018.
SCOLES, R.; GRIBEL, R. Population structure of Brazil Nut (Bertholletia excels, Lecythidaceae) stands in two areas with different occupation histories in the Brazilian Amazon. Human Ecology, New York, v. 39, p. 455-64, aug. 2011. Disponibilidade em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10745-011-9412-0 Acesso em: 26 abr. 2016.
STRACHULSKI, J. Kagwyri´pe jihoi: o território como fundamento do saber tradicional Parintintin na Aldeia Traíra da Terra Indígena Nove de Janeiro, Humaitá-AM. 2018. 337 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2018.
STRACHULSKI, J; ALMEIDA SILVA, A.; FLORIANI, N.; ALVES, J. N. K. Os Kaingang da Terra Indígena Faxinal: a configuração atual das práticas socioculturais territoriais. Revista Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 19, n. 68, p. 307-325, dez. 2018.
STRACHULSKI, J.; ALVES, J. N. K. Os Kaingang de Cândido de Abreu: Práticas (materiais e simbólicas) tradicionais e relação com o território. GeoTextos, Salvador, v. 15, n. 2, p. 35-61, dez. 2019.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).